BRASIL, 11 de novembro de 2024 – Integrantes da base aliada do governo Lula (PT), o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) e o prefeito de Recife, João Campos (PSB), protagonizaram uma troca de farpas nos últimos dias. A reportagem é do jornal O Globo.
A situação teve início quando Campos pontuou erros na campanha de Boulos à Prefeitura de São Paulo em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.
Na ocasião, o prefeito do Recife disse que o psolista teria errado ao tentar adotar uma “roupagem diferente” de seu passado.
“Nesses 20 anos [de vida pública], ele tem 19 anos que ele se posiciona de um jeito em tudo, ai em um ano ele começa a revisitar todos os posicionamentos”, disse Campos. “As pessoas sabem das coisas.”
“Tem uma frase que é assim: ‘Você acha que o povo não pensa, mas pensa’”, acrescentou. “Então, as pessoas veem essa leitura diferente, principalmente quando se aproxima do tempo de eleição. Então, eu imagino que pode ter acontecido algo desse tipo.”
A fala não agradou a Boulos, que, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, respondeu ao prefeito do Recife.
“Não creio que ele está autorizado a me dar aulas de coerência, até porque, em 2020, quando ele se elegeu prefeito pela primeira vez, se elegeu com o mote ‘PT nunca mais’”, disse o psolista.
Boulos ainda acusou João Campos de ter mudado de lado por conveniência.
“Hoje, que o Lula é presidente, ele [João Campos] virou o maior lulista do país”, acrescentou. “Então, menos. Não é? Para querer dar lição de moral alheia. E mais do que isso: eu tenho lado. Tenho posições firmes, e ter posição firme tem um preço. Eu não vou conforme o vento.”
A troca de farpas entre os políticos reflete os diferentes grupos que hoje compõem a base do governo Lula. Apesar de ambos serem aliados do petista, Boulos é tido como uma figura mais à esquerda, enquanto Campos teria uma melhor interlocução com o centro.
Nas eleições municipais, porém, Boulos recebeu o aval do PT e concorreu com seu apoio à Prefeitura de São Paulo.
A expectativa é que Campos também tenha o endosso do partido em dois anos, para concorrer ao governo de Pernambuco contra Raquel Lyra (PSDB).