
MARANHÃO, 21 de maio de 2025 – A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro contará com 51 mil galões de 20 litros, adquiridos a preços que poderiam fazer inveja a restaurantes de luxo.
Segundo levantamento do portal Metrópoles, a conta da hidratação ambiental atingiu os R$ 1 milhão. Isso inclui 14,2 mil galões por R$ 30,22 e outros 37,5 mil por R$ 18,27 cada. Para fins de comparação, o Senado Federal, conhecido por sua parcimônia, comprou recentemente galões semelhantes por módicos R$ 4,25. A diferença chega a 611%.
A operação foi viabilizada por meio de convênio direto com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OIE), sem necessidade de licitação — recurso cada vez mais usado quando a urgência supera a transparência.
O acordo totalizou R$ 480 milhões, dos quais a OIE fica com 5% como taxa de administração.
A mesma OIE chegou a apresentar, em orçamento inicial, preços ainda mais animadores: R$ 60,44 por galão para a Zona Verde e R$ 36,54 para a Zona Azul. Após “negociação”, os valores caíram para R$ 30,22 e R$ 18,27, respectivamente.
A Secretaria Extraordinária da COP30 justificou os valores, afirmando que eles refletem “a realidade local de Belém”. A explicação é plausível, sobretudo se considerarmos que água encanada em áreas urbanas da Amazônia muitas vezes não chega com regularidade — talvez por isso o transporte em galões demande logística digna de operações militares.
Ainda assim, outros contratos analisados pelo Metrópoles mostram que o mercado não compartilha da mesma realidade. Em 11 licitações recentes, os preços por galão variaram entre R$ 3,30 e R$ 10,10. Mas talvez esses números não contemplem o fator “COP”, sigla que parece revalorizar qualquer item em múltiplos de sete.
O edital da conferência estabelece o consumo diário de 2,5 mil galões para a Zona Azul e 950 para a Zona Verde. Ao longo dos 15 dias, os 51 mil galões estarão disponíveis para os mais de 40 mil participantes esperados.
E não é só no formato de galões que a água ganhou status de commodity. Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que garrafas de 500 ml também foram cotadas inicialmente a R$ 17,50. Preço justo, talvez, se embutisse gás, sabor e um brinde.