
BRASÍLIA, 18 de dezembro de 2025 – A CPMI do INSS, instalada para investigar um esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas, tornou-se o centro de uma disputa política envolvendo o nome do filho mais velho do presidente Lula (PT), Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
Na terça (16), deputados da oposição acusaram governistas de blindar o filho do presidente mesmo diante de possíveis evidências de uma viagem a Portugal que Lulinha teria feito com Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
Embora ele não seja investigado pela Polícia Federal e não haja provas documentais conclusivas sobre seu envolvimento, novos relatos e depoimentos à PF, encaminhados à CPMI, teriam passado a mencioná-lo como possível beneficiário de valores repassados por operadores do esquema.
A Gazeta do Povo tenta, há pelo menos três semanas, contato com Lulinha e sua defesa, mas sem sucesso. O espaço segue aberto às manifestações.
Nesta quinta-feira (18), a Policia Federal lançou mais uma fase da operação Sem Desconto, que investiga o escândalo do INSS. Romeu Carvalho Antunes, o filho do “Careca do INSS”, foi preso na operação e o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice líder do governo no Senado e membro da CPMI, foi alvo de uma operação de busca e apreensão. Ele teve encontros com o “Careca do INSS”.
No dia 4 de dezembro, um requerimento apresentado pelo partido Novo para convocar Lulinha à CPMI do INSS foi rejeitado por 19 votos a 12.
O pedido era fundamentado em relatos repassados ao colegiado, entre eles um depoimento à Polícia Federal de Edson Claro, ex-funcionário de Antunes, o “Careca do INSS”, apontado pela PF como o principal operador do esquema e preso desde setembro. O relato original não se tornou público.
Apesar da pressão da oposição, a base do governo classificou a iniciativa como “sem propósito” e denúncias “sem provas”, nas palavras do deputado Paulo Pimenta (PT-RS). A convocação, contudo, deve continuar sendo debatida em 2026 na comissão, que tem usado informações parciais compartilhadas pela PF para embasar novos requerimentos.
Os documentos estão sob sigilo, mas fontes ligadas às operações afirmam que o nome de Lulinha teria aparecido como um suposto beneficiário do “Careca do INSS” em recebimento de recursos mensais de acordo com alegações de Claro, apesar de Lulinha não estar entre os alvos.
Ao Poder360, o ex-advogado de Lulinha e amigo dele, Marco Aurélio Carvalho, afirmou que as acusações são “pirotécnicas e improváveis”, e que representam mais uma tentativa de desgastar sua imagem.
Nesta terça (17), os deputados Luiz Lima (Novo-RJ) e Zé Trovão (PL-SC) cobraram explicações da bancada governista sobre a recusa da convocação de Lulinha para prestar depoimento na CPMI.
Eles citaram uma reportagem do portal Metrópoles que afirmou que o filho do presidente e o “Careca do INSS” viajaram para Portugal em uma mesmo voo. Isso seria, na visão deles, um indício que justifica a convocação de Lulinha para dar explicações.
A Gazeta do Povo fez um pedido de entrevista com o ex-advogado de Lulinha, mas ele não respondeu. Já a defesa de Antunes afirmou não conhecer as informações e preferiu não comentar a suposta ligação do cliente com Lulinha.
Em outubro, quando ainda intregrava a defesa de Lulinha, o advogado Marco Moreira de Carvalho disse à Gazeta do Povo que o filho de Lula não tem nenhuma relação com os fatos apurados na CPMI. Confira abaixo a nota enviada à reportagem naquela época.
“O advogado Marco Moreira de Carvalho, que representa a Fábio Luiz Lula Silva, afirma que seu cliente não tem nenhuma relação direta ou indireta com os fatos que estão sendo apurados na CPMI do INSS. O advogado prossegue reiterando que Fábio tem sido vítima recorrente de ódio, intolerância e de mentiras que são propagadas nas redes e que atentam contra sua dignidade e atingem a sua honra.
Indagado sobre o relacionamento de seu cliente com a empresária Roberta Luchsinger, o advogado afirma que são amigos, o que é motivo de alegria para ambos, que isso é público e que até onde se sabe ela própria não tem sido objeto de nenhuma investigação.
Não há qualquer tipo de constrangimento, portanto, para esse relacionamento, muito ao contrário, são amigos e como todo e qualquer amigo, se encontra uma vez ou outra em eventos festivos, em eventos sociais, o que é absolutamente natural, desejável, conveniente e saudável.”
Como foi mencionado, a Gazeta do Povo tentou contato com Lulinha em dezembro, mas não foi possível localizá-lo nem seus representantes legais. O espaço segue aberto para manifestações.







