
BRASIL, 16 de dezembro de 2025 – Um estudo internacional coloca o Brasil no topo de um ranking de “supersalários” no setor público, com 40 mil servidores integrando o grupo 1% mais rico da população devido a remunerações acima do teto constitucional de R$ 46,4 mil.
A pesquisa, divulgada em agosto de 2025, analisou dados de dez países e apontou que o Estado brasileiro gastou R$ 20 bilhões com esses pagamentos extrateto em doze meses. Esse mecanismo é viabilizado pela classificação de diversos benefícios como verbas indenizatórias, as quais não incidem Imposto de Renda e burlam o limite salarial.
O montante de R$ 20 bilhões desembolsado pelo Brasil é 21 vezes superior ao da Argentina, segunda colocada no levantamento. O valor corresponde a 716 mil vezes a mediana da renda nacional, que é de R$ 28 mil anuais. Além disso, o número de servidores brasileiros na situação extrateto chega a 53,5 mil, o maior entre as nações analisadas.
Em contraste, os Estados Unidos têm pouco mais de 4 mil casos, e a Alemanha não registra nenhum. Apesar de representarem apenas 1,34% dos funcionários públicos estudados, esses supersalários estão concentrados em carreiras jurídicas.
Quase metade dos servidores no 1% mais rico são juízes, totalizando 19.933 magistrados. Outros 8.446 são membros do Ministério Público, e 10.256 são do Executivo federal, majoritariamente da Advocacia-Geral da União.
Além disso, mais de 9 mil servidores recebem acima de R$ 1,2 milhão por ano, posicionando-se entre os 0,4% mais ricos do país. A prática, portanto, evidencia como o Estado atua como um vetor de concentração de renda, conforme o estudo “Benchmark internacional sobre teto salarial no setor público”.
A pesquisa foi conduzida para as organizações Movimento Pessoas à Frente e República.org. Especialistas alertam que o custo real dos supersalários pode ser ainda maior, potencialmente atingindo R$ 40 bilhões.
Eles apontam que o fenômeno, uma distorção histórica, persiste devido à forte influência corporativa do Judiciário e à relutância do Congresso em enfrentar o tema. No entanto, há amplo apoio popular por mudanças, com 83% da população favorável à regulamentação efetiva, segundo pesquisa Datafolha.
Paralelamente, o Senado aprovou em dezembro um projeto que cria a licença compensatória para seus servidores e para funcionários do Tribunal de Contas da União. Esse benefício, classificado como verba indenizatória e isento de imposto, pode elevar remunerações brutas a até R$ 117 mil.
A medida, de autoria da presidência da Casa, foi justificada como compensação por atividades complexas e trabalho extra.







