MARANHÃO, 8 de janeiro de 2025 – A nova ponte sobre o rio Tocantins, que ligará Aguiarnópolis (TO) a Estreito (MA), apresenta um projeto com acostamento amplo, mas pouco espaço para ciclovias adequadas, segundo análise da arquiteta urbanista Suzana Nogueira.
A especialista em mobilidade urbana avaliou as premissas técnicas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a pedido do Ciclocosmo, apontando riscos à segurança viária.
A ponte, que substituirá a estrutura colapsada em dezembro de 2024, deverá ter 630 metros de extensão e 19 metros de largura. O projeto inclui duas faixas de rolamento de 3,6 metros, acostamentos de 3 metros, calçadas de 2,3 metros e barreiras do tipo “New Jersey” com 40 centímetros.
Apesar de mencionar a construção de ciclovias, o comunicado do Dnit não especifica sua localização ou dimensões.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS
Suzana critica as dimensões propostas, afirmando que são antiquadas e não priorizam modos de transporte não motorizados, contrariando a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Segundo o Manual de Projeto Geométrico de Travessias Urbanas, ciclovias sobre pontes devem ter largura mínima de 1,2 metros por sentido, e calçadas devem permitir manobras de cadeiras de rodas. A ausência de espaço adequado inviabiliza a implementação de ciclovias que sigam as normas do próprio Dnit.
“Pontes exigem projetos que minimizem os riscos, mas o que temos é um acostamento de classe especial, adequado a rodovias de alta velocidade, o que incentiva infrações e prejudica a segurança”, afirma Suzana.
Ela alerta que acostamentos largos podem ser indevidamente usados por veículos, sugerindo redução para 2,5 metros, o que abriria espaço para ciclovias.
A especialista destaca a alta demanda por ciclovias na região. “É uma área plana, com muitos trabalhadores que utilizam bicicletas diariamente e tráfego intenso de caminhões pesados”, explica.
Ela sugere substituir as barreiras “New Jersey” por muretas mais estreitas e incluir um canteiro central, que reduziria colisões frontais e mortes por ultrapassagens irregulares.
Além disso, Suzana observa que o projeto atual provavelmente prevê ciclofaixas sobre passeios ou calçadas compartilhadas, soluções que não atendem aos padrões técnicos. “Essas escolhas comprometem a segurança e violam as diretrizes de mobilidade sustentável”, conclui.
POSICIONAMENTO DO DNIT
Questionado pelo Ciclocosmo sobre a dimensão das ciclovias, o Dnit limitou-se a reenviar o comunicado de 31 de dezembro, sem fornecer informações adicionais. O documento divulgado menciona apenas o custo emergencial de R$ 172 milhões para a obra, sem abordar as questões de mobilidade apontadas.