
MARANHÃO, 15 de outubro de 2025 – O deputado Yglésio Moyses apresentou na tribuna nesta terça (15) uma série de denúncias que, segundo ele, revelam práticas de espionagem, perseguição política e manipulação institucional no Maranhão na gestão do ex-governador Flávio Dino.
Ele começou afirmando que a deputada Andréa Murad já teria sido submetida a grampo ilegal quando monitorada pelo sistema Guardião.
Relatou trecho de depoimento do então delegado-chefe da SEIC, Bardal, indicando que o secretário de Segurança da época ordenava investigações ilegítimas contra desembargadores e assessores, propondo inserir números de telefone desses assessores em interceptações destinadas ao combate de facções criminosas, prática popularmente chamada de “barriga de aluguel”.
Yglésio afirmou que nenhum fato concreto justificava tais medidas e que os pedidos eram rejeitados internamente, mas havia pressão institucional para que se preparassem acusações.
“’A Deputada Andréa Murad faz denúncia de grampo ilegal no governo.’ Vejam vocês, a Deputada Andréa era monitorada pelo sistema Guardião.”
Na oportunidade, ele fez a leitura do depoimento do Delegado Bardal, que era chefe da Seic, na época do Governo Flávio Dino, gestão Jefferson Portela.
Ele prosseguiu lembrando que entre 2015 e 2022 o Estado viveu episódios frequentes de suspeitas de escutas ilegais, acusações contra parlamentares e juízes, auditorias no Guardião e uso político de mecanismos de investigação, especialmente durante campanhas municipais.
Citou deputados e deputadas como Wellington do Curso, Andréa Murad e Souza Neto, como alvos desses monitoramentos.
“Processos, processos, processos, perseguição, auditoria no sistema Guardião. Vocês lembram aí da imprensa desse Guardião, aqui no Estado do Maranhão? Era famoso, eleições municipais, principalmente as de 2020, com denúncias de utilização do aparelho policial para monitorar adversários, em especial no interior do Estado, e isso como uma prática reiterada.”
Yglésio também fez alerta sobre o uso do Judiciário como instrumento de pressão: gestões políticas de transferência de autoridades, interferência em processos contra aliados ou opositores, denúncias de conluio entre governo estadual e magistrados.
Segundo ele, isso teria sido evidenciado por mensagens que condicionavam o futuro político do governador ao cumprimento de acordos envolvendo nomes para cargos no TCE, entre outras negociações políticas.
“Em relação ao processo do TCE, o Maranhão é um estado que não tem direito a ter seus conselheiros do Tribunal de Contas. Não tem direito a nomear os seus desembargadores. O Maranhão é um estado que hoje tem um governo que tenta existir de maneira paralela. […] Foi colocado nos áudios, todo mundo sabe, Márcio Jerry, dizendo que precisa ter o cumprimento dos acordos de Colinas para que a situação do TCE fosse encaminhada para ainda discutir, porque não havia garantia jurídica.”
Yglésio também fez analogias duras: comparou chantagens políticas a relacionamentos abusivos, em que promessas ou ameaças são usadas para vincular apoio ou neutralizar opositores.
Reclamou da normalização de arbitrariedades, como ministros do STF sendo alvos ou protagonistas de acordos de poder; da falta de transparência nos processos de nomeação; e do enfraquecimento da liberdade institucional no Maranhão.
Ele afirmou que essa realidade reflete não apenas disputas políticas, mas risco à democracia, à autonomia dos poderes e à liberdade dos cidadãos.
Para Yglésio, tudo isso aponta para um panorama grave: segundo ele, o Maranhão estaria sob uma lógica de poder que se apropria de dispositivos do Estado, judicial ou administrativo, para controlar, ameaçar ou punir adversários.
Ele concluiu convocando a sociedade a não aceitar passivamente essas práticas, afirmando que o mandato parlamentar exige responsabilidade, firmeza ética e coragem para denunciar o que entende como desvios institucionais.







