
BRASÍLIA, 10 de novembro de 2025 – A dívida pública brasileira deve atingir 82,5% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim de 2026, segundo o Tesouro Nacional.
A projeção, divulgada na 7ª Edição do Relatório de Riscos Fiscais da União, reflete o avanço contínuo do endividamento iniciado no governo de Lula. O índice se aproxima do recorde de 87,7% do PIB registrado em outubro de 2020, no auge da pandemia de covid-19.
O relatório aponta que, caso a estimativa se confirme, o país terá acumulado alta de 10,8 pontos percentuais em relação a dezembro de 2022, quando a dívida correspondia a 71,7% do PIB, ao fim da gestão de Jair Bolsonaro.
Assim, o Brasil voltaria a registrar nível semelhante ao de abril de 2021, quando o indicador alcançou 82,6%, conforme dados do Banco Central.
DÍVIDA SE APROXIMA DO RECORDE DA PANDEMIA
Em setembro, o Banco Central informou que a dívida bruta do setor público consolidado somava 78,1% do PIB, o equivalente a R$ 9,75 trilhões.
Esse total abrange compromissos da União, Estados, Distrito Federal, municípios e estatais, sem duplicidades. No entanto, segundo o método do Fundo Monetário Internacional (FMI), que inclui títulos públicos em posse do Banco Central, o índice sobe para 90,5%.
O FMI recomendou, em 2023, que o Brasil adote essa metodologia, o que elevaria a projeção para cerca de 95% do PIB até 2026. Dessa forma, o país se aproximaria da média da Zona do Euro, superando diversas economias latino-americanas e emergentes, embora ainda abaixo das nações desenvolvidas.
GASTOS PÚBLICOS E JUROS IMPULSIONAM ENDIVIDAMENTO
Entre os fatores que impulsionam o aumento da dívida pública estão a ampliação de gastos, como a PEC da Transição, que elevou o limite de despesas em R$ 170 bilhões anuais.
Além disso, houve reajuste real do salário mínimo em até 2,5% acima da inflação e pagamento de precatórios atrasados, somando R$ 92,3 bilhões entre o fim de 2023 e o início de 2024.
Outro ponto relevante é a retomada dos reajustes salariais de servidores, com negociações em andamento envolvendo cerca de cem categorias. Também pesam as despesas com juros, que alcançaram R$ 985 bilhões em 12 meses até setembro, conforme o Banco Central.
O Tesouro destaca que a redução do endividamento depende da continuidade de reformas estruturais e de uma expansão sustentada do PIB.
Para limitar o crescimento das despesas, o governo implantou, em 2023, o chamado arcabouço fiscal. O novo regime define que os gastos só podem crescer até 70% da variação da arrecadação, com aumento real limitado a 2,5% ao ano. Segundo o Tesouro, a medida busca garantir equilíbrio fiscal e conter o endividamento público.
Entretanto, o relatório alerta que, sem cortes expressivos de despesas obrigatórias, as metas de sustentabilidade fiscal podem enfrentar dificuldades de manutenção nos próximos anos. Por isso, o órgão reforça a necessidade de disciplina orçamentária e continuidade de medidas que estimulem o crescimento econômico.







