Federação dos partidos PV, PCdoB e PT pode não apoiar Dino
Mediante os avanços entre as cúpulas nacionais dos três partidos sobre federação, PV, PCdoB, e PT, não é garantido o apoio ao governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), que busca a vaga única do Senado Federal. Em entrevista ao Quadro Bastidores da TV Mirante na manhã desta segunda (14), o deputado estadual Adriano Sarney (PV) assegurou que já está consolidado o apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão ao Palácio dos Leões, mas não é certo dar suporte ao projeto do líder do PSB no estado, cujo partido desistiu de participar do colegiado. “Nós não temos um consenso de candidato para senador e não temos consenso para um candidato a vice-governador. Temos até as convenções majoritária [para decidir]”, disse o deputado Adriano em entrevista à TV Mirante. Na oportunidade, o parlamentar anunciou que vai buscar a reeleição na Assembleia Legislativa e a agremiação deve definir o nome da formação das legendas em breve, assim como regras para rateio de espaço nas chapas proporcionais.
O que é a federação de partidos de esquerda e como Lula pode se beneficiar dela
Além da aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aposta numa federação de partidos de esquerda para ampliar a construção de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2022. Além do PT, a aliança pode contar com a adesão do PSB, PCdoB, Psol e PV. A possibilidade de criação de federações partidárias foi aprovada pelo Congresso Nacional durante a reforma eleitoral deste ano. A nova lei permite que dois ou mais partidos se unam, funcionando como se fossem uma única legenda por uma legislatura. Diferentemente das coligações, os partidos federados precisam permanecer unidos de forma estável durante pelo menos os quatro anos do mandato legislativo e seguir as mesmas regras do funcionamento parlamentar e partidário. Além disso, a federação ocorre de forma nacional, estadual e municipal. De acordo com a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), as discussões para formar a federação partidária de esquerda já foram abertas, mas uma definição só deve ocorrer em março de 2022. “A federação é um desafio pra nós, porque é um instituto novo. Nós estamos agora estudando melhor como se faz na prática a composição”, afirma. Integrantes do PT passaram a defender a federação como forma de eleger uma grande bancada de esquerda para o Congresso Nacional. A expectativa do grupo é eleger ao menos 100 deputados e pelo menos 30 senadores. “A projeção que a gente faz apenas do PT já ampliaria a nossa bancada. Com a federação, há o potencial de ampliar mais a bancada deste campo [a esquerda]”, afirma a presidente do PT. Na avaliação dos petistas, a federação, além de palanques e de tempo de propaganda no rádio e na TV, também pode garantir a Lula uma viabilidade política maior com o Congresso em caso de vitória nas urnas. De acordo com aliados de Lula, as projeções e negociações estão sendo feitas com base nas pesquisas eleitorais. No último levantamento Datafolha, de dezembro, o petista apareceu na liderança da corrida eleitoral com 48% das intenções de voto, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que somou 22%. PSB é o partido com maior impasse sobre a federação com o PT Apesar da ofensiva do PT, a construção de candidaturas aos governos estaduais já impõe resistências dentro de alguns partidos de esquerda para a formação de uma federação partidária da esquerda. No Espírito Santo, por exemplo, o governador Renato Casagrande (PSB) pretende disputar a reeleição. Ele já sinalizou que entende que não seria beneficiado pelo apoio do PT no estado. Além disso, o senador Fabiano Contarato se filiou recentemente ao partido de Lula e não descarta entrar na disputa contra Casagrande. Além disso, o imbróglio sobre a candidatura ao governo de São Paulo segue sendo outro empecilho entre o PT e o PSB. Enquanto o partido de Lula resiste em abrir mão da candidatura de Fernando Haddad ao Palácio dos Bandeirantes, o PSB quer lançar Márcio França. “Nós seguiremos insistindo que o PT se concentre na eleição presidencial e não queira disputar com o PSB os governos estaduais. Se essa postura for mantida pelo PT, a federação não existirá”, afirma o presidente do PSB, Carlos Siqueira. Além do Espírito Santo e de São Paulo, o PSB quer que o PT abra mão de candidaturas próprias aos governos do Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Enquanto tenta dissuadir os impasses com o PSB, o PT já pavimentou a federação com outras siglas. No PV, por exemplo, o apoio ao ex-presidente petista foi aprovado pela maioria dos diretórios estaduais. “Quem fez gestos de ampliação do leque de forças foi a pré-candidatura de Lula. A chapa Lula-Alckmin representa a frente democrática que irá vencer o autoritarismo, tirando Jair Bolsonaro da Presidência da República”, afirmou o presidente nacional do PV, José Luiz Penna. No Psol, houve deliberação para conversas sobre união com PCdoB e Rede. Outras propostas de federação, incluindo PT, PCdoB e Rede, ainda estão sendo analisadas pelas instâncias nacionais da legenda. Mas a possível entrada do ex-tucano Geraldo Alckmin na chapa de Lula, como candidato a vice, é um entrave para o Psol se aliar com o PT. Integrantes do partido inclusive já cogitam lançar candidatura própria à Presidência – o que até então estava descartado para apoiar Lula. Federação de esquerda preocupa bancada do PDT As negociações para a federação entre o PT e outros partidos de esquerda acenderam um alerta na bancada de deputados do PDT, que tem Ciro Gomes como pré-candidato à Presidência. Com o fim das coligações proporcionais, parlamentares pedetistas acreditam que terão dificuldades para renovar seus mandatos diante da união dos demais partidos de esquerda. Estagnado nas pesquisas eleitorais, Ciro Gomes vem sendo pressionado por alguns diretórios estaduais do PDT para que abra mão de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Com isso, o partido poderia discutir sua entrada na federação com os demais partidos de esquerda. A cúpula da legenda, no entanto, é favorável à manutenção do nome do pedetista. “Não [há chance de desistir], a minha candidatura não me pertence. Eu antes queria muito ser presidente do Brasil, mas vendo que o nosso país está passando, eu agora preciso salvar o Brasil. Preciso juntar todo mundo que tenha boa vontade para salvar esse país desse desastre que está aí”, disse Ciro Gomes recentemente durante evento em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A expectativa da bancada, no entanto, é de que Ciro Gomes leve sua pré-candidatura até o final do primeiro trimestre, mas que assuma o compromisso de abrir mão do pleito caso não cresça nas pesquisas eleitorais. As federações partidárias devem obter registro de estatuto até seis meses antes das eleições, mesmo prazo definido em lei para que qualquer legenda esteja registrada e apta a lançar candidatos. Apesar da pressão, Ciro Gomes afirma que a federação não seria boa para o PDT. “Para nós uma federação é ruim, porque queremos afirmar princípios, ideias, projetos (…). Federação é um ajuntamento de quem só pensa em eleger-se”, diz o pedetista.
PCdoB irá a falência nas eleições de 2022
Diante das dificuldades para manter atividades parlamentares e atingir desempenho eleitoral necessário, o PCdoB debate seu futuro e busca maneiras de se esquivar da cláusula de desempenho. O Partido Comunista do Brasil visa garantir sua atuação no Congresso sem perder a autonomia e, para isso, está empenhado em integrar uma federação de legendas de esquerda na Câmara e para as próximas eleições. Caso essa articulação não tenha êxito, o PCdoB seria obrigado a já pensa em união com o PSB, mas ainda não há uma posição sobre a situação, que será discutida em breve. A federação de partidos iria funcionar tanto na atividade eleitoral quanto na parlamentar. Conforme esse mecanismo, legendas que não atingirem a cláusula de barreira, isto é, o mecanismo eleitoral que barra o funcionamento parlamentar à sigla que não alcançar determinado percentual de votos, poderão constituir federações com uma única identidade política e se uniriam para atuar como uma coligação mais estável sem abrir mão de sua autonomia, o que lhes garante funcionamento parlamentar. A outra possibilidade é a fusão com o PSB, mas há resistência dentro do PCdoB em abrir mão do nome do partido e o PSB nunca admitiu oficialmente a fusão ou incorporação. Na fusão, as duas siglas se juntam para constituir um novo estatuto. Na incorporação, um dos partidos determina se acata trechos do programa da legenda incorporada. O PSB também não admite uma possível alteração no nome. Com o objetivo de ser mais aceitávei à população brasileira e tentando reunir todos contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, o PCdoB, tem tentado se afastar do termo “comunismo” e atrair forças do centro político. “A discussão sobre uma mudança de nome já se colocou em vários momento não só no Brasil. Se tem um grande exemplo, é o PCI, Partido Comunista da Itália, que mudou de nome há 20 anos. O próprio PCB virou PPS, e hoje é Cidadania […] independentemente do nome A, B, C ou D, o destino partidário não só do PCdoB está em debate”, afirmou Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão. Atualmente, o PSB possui uma bancada maior que o PCdoB, pois conta com 30 deputados e uma senadora. Já o Partido Comunista do Brasil tem 7 deputados federais e nenhum senador.