
BRASIL, 29 de agosto de 2025 – O setor público consolidado, que reúne União, Estados, municípios e empresas estatais, registrou déficit primário de R$ 66,6 bilhões em julho. O valor, divulgado pelo Banco Central nesta sexta (29), representa o segundo maior saldo negativo desde o início da série histórica, em 2001.
O resultado mostra aumento de 212,7% em relação a julho de 2024, quando o déficit foi de R$ 21,3 bilhões. O maior saldo negativo já registrado ocorreu em 2020, durante a pandemia de covid-19, quando medidas de isolamento elevaram as despesas públicas.
Segundo o Banco Central, o governo central, que inclui União e Banco Central, respondeu por déficit de R$ 56,4 bilhões em julho. Estados e municípios registraram saldo negativo de R$ 8,1 bilhões, enquanto as estatais tiveram déficit de R$ 2,1 bilhões no mesmo período.
Nos 12 meses encerrados em julho, o déficit primário do setor público alcançou R$ 27,3 bilhões, o equivalente a 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em junho, esse acumulado estava em R$ 17,9 bilhões, correspondente a 0,15% do PIB. O déficit primário considera receitas e despesas, mas não inclui o pagamento de juros da dívida pública.
JUROS DA DÍVIDA EM ALTA
No campo dos juros, o setor público consolidado desembolsou R$ 109 bilhões em julho, acima dos R$ 80,1 bilhões do mesmo mês em 2024. O aumento de R$ 28,9 bilhões resultou da elevação da taxa Selic, atualmente em 15%, e do crescimento do estoque da dívida.
As despesas com juros nos 12 meses acumulados até julho chegaram a R$ 941,2 bilhões, valor correspondente a 7,64% do PIB. No mesmo período encerrado em julho de 2024, o total havia sido de R$ 869,8 bilhões.
Já o resultado nominal, que soma o pagamento de juros, registrou déficit de R$ 175,6 bilhões em julho e, no acumulado de 12 meses, atingiu saldo negativo de R$ 968,5 bilhões, ou 7,86% do PIB.
DÍVIDA PÚBLICA SUPERA 77% DO PIB
A dívida bruta do governo geral atingiu 77,6% do PIB em julho, com avanço de 0,9 ponto porcentual em comparação a junho. Esse crescimento foi impulsionado por despesas com juros, emissões líquidas de dívida e desvalorização cambial. O aumento do PIB nominal, porém, ajudou a conter parte dessa alta.
No acumulado do ano, a dívida bruta cresceu 1,1 ponto porcentual. O Banco Central explicou que os principais fatores foram os juros, que acrescentaram 5,1 pontos, a queda do PIB nominal, que reduziu 3,6 pontos, e a valorização cambial, que contribuiu com retração de 0,4 ponto.







