BRASÍLIA, 20 de agosto de 2023 – O jornal The New York Times revelou uma rede internacional financiada pela ditadura chinesa para influenciar o mundo das notícias. A estratégia do Partido Comunista da China (PCC) é fazer propaganda política como se não fosse. O grupo tem braços, inclusive, no Brasil.
De acordo com jornal, o PCC usa o empresário norte-americano Neville Roy Singham como uma espécie de “laranja”. Atualmente, ele mora em Xangai e, entre outras ações, produz um programa para o YouTube financiado pela cidade. Ou seja: mantido pelo PCC.
Singham vendeu sua empresa do ramo da tecnologia, a Thoughtworks, por US$ 785 milhões em 2017 — o equivalente a R$2,5 bilhões à época. A rede liderada pelo empresário movimentou quase US$ 300 milhões nos últimos anos.
O esquema envolve o repasse de dinheiro, por um meio de empresas de filantropia de fachada com sede nos Estados Unidos. A estrutura se vale de uma brecha na lei norte-americana que não exige que organizações sem fins lucrativos divulguem a origem das doações. Aparentemente, a única presença real delas na rede de Singham são as caixas postais.
Um dos pontos centrais dessa teia é um laboratório de ideias chamado Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. Ele se apresenta como “uma instituição internacional orientada por movimentos e organizações populares do mundo, focada em ser um ponto de apoio e elo entre a produção acadêmica e os movimentos políticos e sociais”. O órgão cita Karl Marx e Antonio Gramsci como suas referências e tem Brasil, Índia, Argentina e África como foco de atuação.
A rede bancada pela ditadura chinesa no Brasil
O instituto tem uma sede no Brasil. O conselho consultivo é formado por chineses, sob a liderança de Neuri Rossetto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
O New York Times mencionou especificamente o Brasil de Fato como uma publicação financiada pela rede de Singham. O site brasileiro de extrema esquerda faz apologia à ditadura chinesa e ataques aos Estados Unidos e a políticos conservadores.
Com influência na esquerda nacional, o Brasil de Fato entrevistou o ex-presidente Lula quando o petista estava preso em Curitiba. A publicação também fez entrevistas exclusivas com o ator Wagner Moura e o ex-presidente do MST, João Pedro Stédile. Recentemente, seu canal de YouTube passou a produzir conteúdo em inglês.
Notícias da China
Semanalmente, o Brasil de Fato publica um programa no YouTube chamado Notícias da China. Os vídeos traz uma versão dos acontecimentos favorável à ditadura chinesa. Marco Fernandes, âncora, também trabalha para um site chamado Donsheng News, que se identifica como um “coletivo internacional de pesquisadores interessados pela política e sociedade chinesas”.
Além disso, Fernandes se apresenta como pesquisador do Instituto Tricontinental e organizador do No Cold War — outra publicação ligada à rede de Singham bancada pela ditadura chinesa. “Uma nova Guerra Fria contra a China vai contra o interesse da humanidade”, afirma a página.