FORTALEZA, 30 de setembro de 2023 – O governo do Estado do Ceará propôs a construção de uma usina de dessalinização em Fortaleza para converter água do mar em água potável. Contudo, empresas de telecomunicações temem que essa estrutura possa resultar no rompimento dos cabos submarinos que fornecem o sinal de internet para todo o Brasil.
Fortaleza é a cidade brasileira onde cabos de fibra ótica são instalados, garantindo um acesso rápido à internet diretamente da Europa. A partir de Fortaleza, esses cabos se estendem até as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. A escolha da capital cearense para abrigar esses equipamentos se deve à sua proximidade com a Europa, cerca de seis mil quilômetros.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados no Brasil. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, enfatizou que “o Ceará, especialmente a cidade de Fortaleza, é o responsável pela interconexão do Brasil com o restante do mundo”.
De acordo com a Anatel, caso ocorra o rompimento dos cabos de fibra ótica, todo o país ficaria sem acesso à internet ou enfrentaria uma conexão extremamente lenta. Por isso, a Anatel emitiu uma recomendação contrária à instalação do projeto da usina de dessalinização nas praias de Fortaleza, a fim de evitar o risco de queda de sinal.
O projeto foi temporariamente interrompido, e segundo o portal G1, há previsão de um atraso de pelo menos seis meses na entrega da usina. A data inicialmente prevista para o início das operações era meados de 2025, mas a implantação do projeto no Ceará poderia afetar a conectividade de internet em todo o país.
O projeto de dessalinização é iniciativa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e visa ampliar a oferta de água potável na Grande Fortaleza em até 12%. O Consórcio Águas de Fortaleza foi o vencedor do edital, com investimento previsto de cerca de R$ 3,2 bilhões.
O diretor-presidente da Cagece, Neuri Freitas, explicou que a distância entre os cabos e outras infraestruturas foi ampliada significativamente de 40 para 500 metros. Ele afirmou: “A nosso ver, isso está totalmente resolvido, não vamos trazer nenhum risco, buscamos a conciliação. Nós achamos que não há esse risco, já que no continente todos os cabos cruzam com alguma estrutura, como rede de gás, de energia e diversas outras estruturas”.
A empresa assegura que a usina “não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro, em Fortaleza”. Assim, a Cagece espera que a Anatel revise a medida que impediu o andamento do projeto no Ceará.