BRASIL, 11 de dezembro de 2024 – Os preços do café arábica atingiram um novo recorde histórico nesta terça (10), com contratos futuros chegando a US$ 3,4540 por libra-peso, superando o pico registrado em 1977. A disparada resulta, sobretudo, a crise global de oferta, impulsionada por problemas climáticos em grandes produtores como Brasil e Vietnã, além de déficits consecutivos na produção global.
No Brasil, maior exportador mundial, a produção do café arábica deve ser de apenas 34,4 milhões de sacas na temporada 2025-26, cerca de 11 milhões abaixo da estimativa inicial da Volcafe Ltd. O déficit global acumulado, que já dura cinco anos, é projetado em 8,5 milhões de sacas para a próxima temporada. A seca prolongada, seguida de chuvas irregulares, comprometeu ainda mais as lavouras, com estimativas de que o país produza menos de 30 milhões de sacas no próximo ciclo, segundo analistas como Steve Pollard, do Marex Group.
A alta de 80% nos preços do arábica este ano reflete também a pressão sobre outras regiões produtoras. O Vietnã, maior fornecedor de robusta, enfrenta perdas devido a secas severas e chuvas no início da colheita. O cenário global desfavorável intensifica a valorização do grão, que é uma das commodities de melhor desempenho em 2024.
Os impactos já são sentidos na cadeia produtiva. Empresas como a Nestlé anunciaram aumentos nos preços e redução do tamanho das embalagens para mitigar os custos. Torrefadores e cafeterias, pressionados pelo aumento, tendem a repassar os valores aos consumidores, o que pode elevar ainda mais os custos para o consumidor final.
A dinâmica do mercado futuro também agrava o cenário. Corretores e exportadores precisam reforçar margens de garantia, enquanto traders que apostaram na queda dos preços se veem forçados a recomprar contratos, intensificando o ciclo de alta. A volatilidade no mercado atingiu seu maior nível desde julho, com o índice de força relativa indicando que o mercado pode estar sobrecomprado.