A permanência de militantes bolsonaristas em Brasília para a posse de Lula é um erro. Absolutamente nada, nenhum ganho político ou simbólico será obtido com a manutenção das aglomerações de apoiadores do presidente na cidade. Por outro lado, qualquer incidente no dia da posse irá recair, sejam responsáveis por eles ou não, sobre os seus ombros.
Os últimos acontecimentos envolvendo apreensão de armas, desordem, ameaças de bombas e declarações atabalhoadas colocaram a opinião pública contra os manifestantes. Independente do mérito, da culpa real, ou da espetacularização proporcionada pela mídia: os bolsonaristas não estão em uma posição razoável.
As pessoas, que antigamente aceitavam o fato de que os integrantes dos atos eram formados por crianças, pessoas de bem, famílias e pacifistas, começam a desconfiar dessa impressão. Muitos já engoliram a narrativa do futuro ministro da Justiça, o comunista Flávio Dino, de que são ninhos de terroristas.
Neste cenário, qualquer desordem ou incidente teria efeitos catastróficos para bolsonaristas.
Ocorre que a insatisfação com a derrota nas eleições deu lugar a uma fantasia que alimentou a esperança em uma intervenção militar. Com o passar das intermináveis 72h e a crescente certeza de que a tal intervenção, o desejo foi dando lugar a angústia e agonia.
Entre todos os indícios de que as 72 horas nunca irão chegar ao fim, foi a nomeação, por Jair Bolsonaro, de um indicado por Lula para a chefia do Exército. A posse antecipada de Júlio César Arruda encerra qualquer discussão sobre essa possibilidade.
E encerradas as discussões, o pântano de angústia e agonia se tornaram o ambiente ideal para declarações impensadas, atos de desespero e situações desnecessárias. Tudo o que os adversários do bolsonarismo precisam para alvejar a reputação de pacifismo e civismo construída na última década.
O trânsito de bolsonaristas nas proximidades da cerimônia de posse é algo impensável. Sua permanência em acampamentos, desaconselhável. A presença de bolsonaristas em Brasília é um flerte com o erro. E o melhor neste momento é a aceitação de que não haverá intervenção, de que Lula tomará posse e a retirada da cidade.