MARANHÃO, 23 de agosto de 2024 – O deputado estadual Othelino Neto demonstrou insatisfação com a decisão do governador Carlos Brandão de exonerar o vice-governador Felipe Camarão do comando da Secretaria de Educação (Seduc).
Em suas declarações, Othelino classificou a saída de Camarão como um ato de traição ao programa que, segundo ele, foi fundamental para a eleição de Brandão.
“A exoneração de Felipe Camarão da Secretaria de Educação é mais um capítulo da traição do governador Carlos Brandão ao programa responsável por sua eleição. A gestão está cada vez mais com a cara do chefe do executivo. Página triste de nossa história. Ainda bem que o tempo conspira a favor”, criticou o deputado.
Com a saída de Camarão, Brandão nomeou Jandira Dias como a nova titular da Seduc. A escolha de Jandira, considerada uma aliada próxima do governador, foi interpretada por Othelino como uma violação ao acordo político firmado entre Flávio Dino e Brandão durante a campanha eleitoral.
Esse pacto previa que a pasta de Educação continuaria sob a influência do grupo dinista, do qual Camarão é um dos principais expoentes.
Othelino Neto, em sua crítica, mencionou a trajetória política de Brandão e apontou que a mudança no comando da Seduc é parte de uma estratégia para centralizar o poder nas mãos do governador, afastando antigos aliados.
No entanto, as críticas de Othelino são vistas por muitos como incoerentes, dado o histórico político do próprio deputado. Ele é frequentemente acusado de adotar um estilo “camaleônico”, moldando suas alianças conforme as circunstâncias.
Em 2008, por exemplo, Othelino apoiou João Castelo contra Flávio Dino, mas em 2012, mudou de lado e apoiou Edivaldo Holanda Júnior pouco antes das eleições. A mesma postura foi observada em 2022, quando ele abandonou o apoio a Weverton Rocha para se aliar a Brandão na disputa pelo governo.
Em 2020, durante a eleição municipal de São Luís, Flávio Dino uniu seu grupo em torno de Duarte Júnior, mas Othelino, que se autointitulou “desertor”, acabou contribuindo para a derrota do candidato apoiado por Dino.
Por fim, críticos apontam que até o mandato de senadora herdado por sua esposa está inserido em uma conjuntura de barganha política, em vez de uma identidade ideológica ou relações de confiança com Flávio Dino.