Desde que os historiadores do futuro sejam competentes e façam o que se espera deles, o dia 13 de novembro será lembrado na história do Maranhão para sempre. O dia em que uma das conspirações mais bem arquitetadas da política maranhense falhou miseravelmente em tomar o Legislativo e, posteriormente, derrubar o Executivo.
A COISA EM SI
Primeiramente, devemos definir o que aconteceu. Disputaram ontem a eleição a deputada Iracema Vale e o deputado Othelino Neto. Votação igual nos dois turnos, ganhou Iracema pelo critério de idade. Pois bem…
A eleição para a Presidência da Assembleia não foi, apenas, uma disputa entre Iracema Vale e Othelino Neto pelo comando da Assembleia Legislativa. Mas, uma tentativa de um movimento que, caso vitorioso, iria desencadear consequências responsáveis pela inviabilização e posterior expurgo do governo de Carlos Brandão.
Othelino não era apenas um candidato à Presidência da Alema, era um aríete que pretendia arrombar os portões do Palácio dos Leões. Iracema era um obstáculo, o único obstáculo.
Por que conspiração? Porque a votação não foi fruto de conquista normal, de jogo aberto. A votação de Othelino foi concedida por cerca de 15 deputados que defendem o governo, juram lealdade ao governo e votaram não apenas para eleger Othelino, mas para derrubar o governo. O ato de aliados públicos agirem em conluio com adversários nas sombras é chamado de conspiração.
UM PLANO (QUASE) PERFEITO
Decerto, o que aconteceu ontem não foi fruto de correria às vésperas da eleição. Tudo foi minuciosamente pensado, ensaiado e aplicado. Ao que indicam as primeiras apurações, Othelino esperava ter 25 dos 22 votos necessários para a vitória. Muitas foram as nuances da estratégia que, por pouco, fracassou ontem.
E o fundamento absoluto do que pode ser lembrado como “a conspiração albina” era a certeza de que a disputa não seria disputada por seus adversários.
Othelino e seu grupo planejaram uma situação que, pelo menos na teoria, era infalível. Fazer Brandão, Iracema e todo o grupo governista tratar a eleição como ganha. Quem já ganhou, não disputa, não reage, não se movimenta. Apenas comemora.
Nos dias que antecederam a eleição o que se viu foi apenas comemoração travestida de especulações sobre o tamanho da vitória de Iracema. Enquanto isso, Othelino estava jogando sozinho! Um lance de destreza absoluta: Othelino fez seus adversários acreditarem que não representava perigo.
Além de anular os adversários fingindo-se de derrotado, o grupo de Othelino também conseguiu manter a ofensiva em segredo dos demais. Poucas pessoas conseguiram perceber a conspiração que seguia. A destreza em manter as movimentações, reuniões e chantagens foi absoluta e muito bem desempenhada. Tanto que o resultado no primeiro turno surpreendeu a todos, menos o próprio Othelino e outros poucos.
Tudo caminhou tão conforme o planejado que o deputado decidiu levar filhos e esposa para testemunharem sua maior vitória política. Ah, a arrogância! Othelino levou a família para humilhar a Iracema e o Brandão. “Estão vendo? Eu já sabia que iria vencer”. Contudo, a vitória que não veio.
Apesar dos vídeos festivos e do discurso otimista ao fim, Othelino foi o maior derrotado nas eleições de ontem. Basta constatar os fatos.
Ontem, meus caros e caríssimas, o deputado perdeu um jogo que jogou contra ninguém. Se tivesse vencido, teria conquistado uma vitória pela ausência de adversário. Ressalte-se: por méritos dele e de seu grupo que trataram de embebedar os adversários na própria confiança. Entretanto, sua destreza no planejamento e aplicação não apagam o fato de que, no fim, ele perdeu. Perdeu jogando sozinho e apostando tudo.
Em caso de vitória, Othelino seria o mensageiro do fim do governo Carlos Brandão. Derrotado, torna-se o alvo preferencial daqueles que tentou extirpar.
Othelino e o seu festim de conspiradores devem ter tido uma péssima noite.
CARLOS BRANDÃO
O que se deu ontem não foi uma disputa entre Iracema Vale e Othelino Neto, mas entre grupos políticos distintos. A vitória do deputado iria desencadear uma cadeia de ações sucessivas que iriam acarretar o fim do governador e de seu governo.
Othelino, com a ajuda suprema e de seus acessórios, calculava 25 votos. Assim que sentasse na cadeira de presidente, muito provavelmente alcançaria os 30 necessários para afastar Brandão. Em seu lugar assumiria Felipe Camarão.
Seria desencadeada então uma espécie de “Noite das Facas Longas” que iria resultar no fim do grupo de Carlos Brandão.
Só que fracassada a conspiração albina, agora Brandão e seus liderados possuem dois anos para reagir. E, muito dificilmente, Othelino e as supremas forças terão outra oportunidade.
Ainda é incerto se Brandão irá optar pela vingança absoluta, pela conciliação política ou por um misto de vingança e conciliação (o mais recomendado).
IRACEMA
Até ontem Iracema Vale figurava como grande liderança no grupo comandado por Brandão. A partir de hoje, é responsável pela salvação de todos.
Caso seu posto fosse ocupado por alguém mais invasivo no trato com os deputados, muito provavelmente Othelino não teria cancelado a festa programada para a noite de ontem.
Desde que virou presidente, Iracema Vale conduz a Assembleia Legislativa de forma inclusiva e impessoal. São raros seus embates com outros parlamentares.
Para ter certeza disso, basta compará-la ao próprio Othelino Neto. Ele que esmagou adversários, capitaneou as legislações mais submissas da política estadual e agia como uma espécie de czar.
Chega a ser risível vê-lo bradar pela “autodeterminação” do Legislativo e de aproximação com o Executivo. Sob a liderança de Othelino, 64% dos deputados não conseguiram se reeleger em 2022. Também foi ele o responsável pela aniquilação da oposição na Casa.
Como presidente, Othelino foi um desastre para aliados e adversários.
Respostas de 3
Linhares, uma análise perfeita. Resta-nos saber se os “traidores”, serão absorvidos dentro do grupo Brandão. Para o grupo de FD, resta ainda uma improbidade administrativa, no STF, fato ainda preocupante. Creio também, caso grupo Brandão resista, e este fique no governo até o fim, Iracema do Vale, é o nome forte para disputa para governo do estado.
Coitado do Governador Carlos Brandão continuar à depender da sua pseuda “Base” de apoio na ALEMA com tais deputados traidores!!!!
Agora eu gostaria Linhares que você se atesse a comentar sobre o atentado cometido na região da praça dos três poderes de Brasília pelo bolsonarista “Francisco Luís” tentando querer explodir o Ministro do STF “Alexandre de Moraes” meu guerreiro!!!!
O diabo é quem acredita em comunista. Agora o Brandão já sabe com quem contar e quem destruir. Peça uma orientação ao Sarney.