
SÃO LUÍS, 4 de abril de 2025 – Destroçado nas eleições de 2022 após uma crise de vaidade que o colocou contra o próprio grupo, o senador Weverton Rocha agarrou-se à parábola do filho pródigo para tentar salvar o mandato.
O PRINCÍPIO E O FIM
Atingindo 1.997.450 votos, o senador Weverton Rocha saiu muito grande das eleições de 2018. Para se ter uma ideia, Flávio Dino, reeleito no primeiro turno, obteve 1.867.396. A vaidade de Rocha com a votação desencadeou a crise no grupo dinista que se arrasta até hoje.
Pode ser que ele não lembre, mas o fato é que Weverton Rocha foi o primeiro membro do grupo dinista a rebelar-se. Se há uma base de revoltosos hoje na Assembleia Legislativa, ela se dá por influência de Weverton. Aliás, o líder do grupo, Othelino Neto, era cotado para ser coordenador geral da campanha fracassada de Weverton em 2022. Ocorre que Othelino o traiu e pulou para o barco de Brandão/Dino às vésperas da eleição.
Até meados de 2024, o vice-governador Felipe Camarão integrava um dos grupos que não aceitava a liderança de Carlos Brandão. Influenciado por Othelino, Carlos Lula e Rodrigo Lago, Felipe tinha postura beligerante contra Brandão. Então veio a possibilidade de que Brandão, atacado, rompesse o acordo de deixar o governo para que Felipe disputasse o cargo sentado na cadeira.
O que fez o grupo de Othelino? Começou a insinuar-se para Braide. O ensaio de traição despertou Felipe Camarão da ilusão de lealdade que vivenciava e ele começou a aceitar a liderança de Brandão. O movimento foi bem aceito e Brandão reaproximou-se do vice-governador.
Tão certo como eu e você, Weverton também observou o sucesso de Felipe Camarão em deixar de ser um boi de piranha de Othelino e fazer política com diplomacia.
CONVERSA PARA BOI DORMIR
Na última quinta (3), Weverton usou sua fala durante a sessão solene de 103 anos do PDT para tentar tapear o governador Carlos Brandão. Disse Weverton:
“O PDT não quer um cargo neste governo, mas temos responsabilidade de ajudar este governo e fazer com que ele dê certo. O caminho natural é ele ir dar a sua contribuição e experiência no Senado Federal. Antes de defender a cadeira do PDT que eu estou ocupando hoje, eu sou o primeiro a defender que este grupo todo unido tem que lutar pela cadeira do atual governador no Senado. A segunda vaga é resolvida na boa política”.
Bem, não é verdade que o PDT não quer cargo no governo. Na verdade, o PDT é incapacitado de assumir cargo no governo porque encabeçou uma rebelião contra Flávio Dino e Brandão que começou em 2020 e se alastrou até 2022. Em 2020, indo contra o grupo que apoiava Duarte Jr no segundo turno contra Braide, Weverton decidiu apoiar Braide. Pior: o apoio do senador sacramentou a derrota do grupo.
Em 2022, o próprio Weverton decidiu enfrentar o grupo e lançou-se candidato ao governo contra Brandão. Apesar da campanha milionária, amargou um vexatório 3º lugar.
O PDT não integra o governo porque não quer ser governo atualmente. O PDT não integra o governo porque o atual governo nunca quis o PDT.
Ao falar que é o primeiro a defender o grupo, com esse histórico, Rocha acredita piamente na possibilidade de que seu grupo é formado por criancinhas inocentes que confiam em qualquer lorota.
Já a tal da boa política, se for levada a cabo, irá colocar o senador no último lugar da fila dos postulantes ao cargo.
As palavras bonitas de Weverton querem apenas fazer adormecer a memória do grupo para que ele possa esquivar-se dos chifres afiados das consequências das escolhas dele.