
Eleito em 2020 com expressiva votação, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) fez a opção pela neutralidade política assim que assumiu o mandato. Mesmo constantemente atacado pelo deputado estadual Duarte Jr (PSB) e pelo governador Flávio Dino (PSB), o prefeito adotou uma postura de distanciamento e neutralidade nas discussões políticas. No vácuo deixado por ele, seus adversários conseguiram se estabelecer, assediar aliados e crescer ao ponto de se tornarem um grande obstáculo para a gestão: o comando da Câmara de Vereadores.
Assim que terminaram as eleições municipais em 2020, o deputado Duarte Jr e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) convocaram vereadores da base que integraram o grupo derrotado para uma reunião. O evento aconteceu nos Palácio dos Leões e lá fora acertado que a oposição ao prefeito teria como trincheira a Câmara de Vereadores. Passado um ano e após grande articulação do vereador comunista Paulo Victor, o que era apenas um sonho hoje pode se tornar realidade.
Candidato do grupo de oposição ao prefeito, Paulo Victor teve amplo apoio do Palácio dos Leões em sua jornada por uma candidatura competitiva pela Presidência da Câmara. Em suas redes sociais são comuns fotos de reuniões com membros do Legislativo Municipal e integrantes da gestão de Flávio Dino.
Candidato do prefeito, o vereador Drº Gutemberg (PSC) iniciou o processo de forma tímida e assim estava até poucos dias dias atrás. Enquanto o apoio não vinha de forma mais efusiva, Gutemberg via Paulo Victor fazer sua candidatura crescer com o apoio massivo dos adversários do prefeito.
Pelas contas do próprio Paulo Victor e seus aliados, a eleição que acontece apenas em abril já está finalizada. Assessores do vereador já começam contar vitória e a ameaçar o prefeito. Dizem que os vereadores que já demonstraram simpatia pelo grupo serão jogados na lama se mudarem de ideia. O tom ameno usado para conseguir o apoio já fora transmutado em ameaças. “Quem mudar de ideia é traidor e vai ser destruído”, dizem.
Ironia da história, meses atrás Paulo Victor dizia que o prefeito não precisava ver nele um adversário. Eduardo Braide, inexplicavelmente, parece ter sido o único a acreditar na piedade de comunistas e deixou o adversário livre para articular.
Assim como em 2020, coube ao PDT ajudar a reverter o jogo. O vereador pedetista Raimundo Penha abdicou da candidatura e decidiu integrar o grupo de apoio a Gutemberg, dando fôlego ao candidato do PSC.
Com as eleições ainda em abril, é dificultoso pensar que o grito de vitória dos adversários do prefeito seja definitivo. Em muito porque dificilmente o tom de ameaça aos que repensem suas posições deverá incomodar. Braide e Gutemberg tem todo o tempo para virar o jogo.
O fato é que a experiência de um ano de neutralidade política empurrou Eduardo Braide e situação muito incômodas. Entre 2009 e 2011 o ex-prefeito João Castelo seguiu o mesmo roteiro de “bloco do eu sozinho” que Braide, para a infelicidade de todos que querem bem a São Luís, parece querer seguir. O resultado todo mundo sabe: candidato a reeleição e com a máquina, Castelo teve a coligação mais fraca das eleições de 2012 e foi derrotado.