
ZÉ DOCA, 25 de setembro de 2025 – O indígena Aurá, último sobrevivente de um povo de etnia não identificada no Maranhão, morreu no último sábado (21), aos 77 anos, no município de Zé Doca. A causa da morte foi insuficiência cardíaca e respiratória.
Aurá havia sido avistado pela primeira vez em 1987, ao lado do irmão Auré. Ambos pertenciam a um grupo cuja língua apresenta possíveis vínculos com a família Tupi-Guarani.
Durante décadas, viveram contatos intermitentes com povos indígenas como Parakanã, Assurini, Tembé e Awá-Guajá, em tentativas de reintegração promovidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Apesar das aproximações incentivadas por equipes oficiais, os dois irmãos recusaram a comunicação com outros grupos. Permaneceram fiéis à própria língua e aos costumes herdados, mantendo o isolamento como forma de resistência cultural.
Após a morte do irmão, em 2014, Aurá passou a viver sozinho na aldeia Cocal, localizada na Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão.
Durante esse período, ele recebia acompanhamento das equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão, vinculado ao Ministério da Saúde, além da Frente de Proteção Etnoambiental Awá, unidade da Funai voltada à proteção de indígenas isolados e de recente contato.
Segundo o coordenador-geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai, Marco Aurélio Milken Tosta, a morte de Aurá simboliza o fim da trajetória de resistência de um povo possivelmente extinto.
Ele destacou que o caso se soma ao falecimento do indígena Tanaru, ocorrido recentemente, como um alerta para a fragilidade dos povos originários e para a necessidade urgente de políticas de proteção territorial e cultural.







