BRASÍLIA, 25 de março de 2024 – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, recusou um pedido da Polícia Federal para realizar busca e apreensão no gabinete do deputado Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) na Câmara dos Deputados.
A decisão do ministro baseou-se no parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou falta de evidências de que o parlamentar estivesse guardando provas relacionadas ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes em seu gabinete.
A solicitação de busca na Câmara gerou preocupação na PGR, que alertou para o risco de “atritos interinstitucionais”.
Na mesma operação que visava os supostos mandantes do assassinato, a Polícia Federal prendeu Chiquinho Brazão, juntamente com o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Domingos Brazão, seu irmão, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio de Janeiro.
A trajetória política de Chiquinho Brazão esteve ligada ao governo do prefeito Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, até janeiro deste ano.
Paes, aliado do ex-presidente Lula (PT) na capital fluminense, viu Brazão ocupar o cargo de secretário da Secretaria de Ação Comunitária de outubro de 2022 a janeiro deste ano, em um acordo político articulado para a gestão municipal.
Brazão foi nomeado para a pasta pelo partido Republicanos, reconhecido pela prefeitura do Rio em nota no domingo (24). Posteriormente, o Republicanos o substituiu diante das especulações sobre seu envolvimento no caso Marielle.
No entanto, Brazão era filiado ao União Brasil, que o expulsou horas após sua prisão.
Seu envolvimento no caso Marielle veio à tona por meio da delação de Ronnie Lessa, autor dos disparos que tiraram a vida da ex-vereadora.
Desde o início das investigações, a família Brazão já era mencionada como suspeita, especialmente Domingos Brazão, cuja posse de Chiquinho Brazão como secretário de Ação Comunitária ocorreu em 30 de outubro de 2023.
A entrada no secretariado de Paes foi vista como parte de uma estratégia política para a reeleição do prefeito, com a aliança com o Republicanos, que apoiava o governo federal na época, e considerada crucial para a nomeação.