
BRASÍLIA, 23 de dezembro de 2025 – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve contatos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar do processo de venda do Banco Master ao BRB, segundo relato publicado pelo jornal O Globo. As abordagens ocorreram nos meses anteriores à liquidação da instituição financeira.
De acordo com a reportagem, seis fontes próximas ao ministro informaram que Moraes realizou ao menos três ligações telefônicas e, em julho, solicitou uma reunião presencial com Galípolo. O objetivo teria sido acompanhar o andamento da análise conduzida pelo Banco Central.
Durante o encontro, Moraes teria manifestado apreço por Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, e argumentado que a instituição enfrentava resistência por disputar mercado com grandes bancos. Além disso, o ministro teria pedido aval para a negociação com o BRB, que aguardava autorização desde março.
Na ocasião, segundo os relatos, já existiam divergências internas no Banco Central sobre a possibilidade de intervenção no Banco Master. Técnicos da autarquia teriam identificado indícios de fraudes no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do banco para o BRB.
Diante dessa informação, Moraes teria reconhecido que, caso a fraude fosse confirmada, a aprovação da operação não poderia ocorrer. Posteriormente, em 18 de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.
No mesmo dia da liquidação, a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros seis executivos, acusados de envolvimento no esquema investigado. Nem Moraes nem Galípolo comentaram publicamente os contatos mencionados na reportagem.
Documentos acessados recentemente pela Polícia Federal indicam que o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, firmou contrato com o Banco Master prevendo pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões por três anos, totalizando cerca de R$ 130 milhões.
Entretanto, respostas do Banco Central e do Cade, obtidas via Lei de Acesso à Informação, informaram que não houve pedidos de reuniões nem protocolos de documentos apresentados pelo escritório em nome do Banco Master.
A investigação passou a ser relatada pelo ministro Dias Toffoli, do STF, que decretou sigilo e autorizou a Polícia Federal a colher depoimentos em até 30 dias, com acompanhamento judicial. Os depoimentos ainda não foram agendados.
Técnicos do Banco Central relataram desconforto com possíveis convocações para esclarecimentos e informaram a investigadores que nunca sofreram tanta pressão política em favor de um único banco. Em coletiva no dia 18, Galípolo afirmou estar à disposição do Supremo.
“Documentamos tudo”, declarou o presidente do BC, ao afirmar que reuniões, mensagens e comunicações relacionadas ao Banco Master estão registradas. Por fim, na sexta-feira 19, o ministro do TCU Jhonatan de Jesus solicitou documentos sobre a liquidação do banco.







