INTERVENÇÃO SUPREMA

Ministro Flávio Dino mantém Antônio Américo afastado da FMF

Compartilhe
Dino FMF
Decisão de Flávio Dino mantém intervenção na FMF, dirigentes seguem afastados e exige audiência de conciliação até 2026 para discutir limites da intervenção.

BRASÍLIA, 10 de dezembro de 2025 – A intervenção na Federação Maranhense de Futebol (intervenção) foi mantida pelo ministro Flávio Dino nesta terça (9), quando o STF analisou a Reclamação Constitucional que contestava o afastamento de Antônio Américo.

A decisão confirmou Susan Lucena como administradora provisória e preservou o afastamento de 17 dirigentes, além de determinar a realização de uma audiência de conciliação até março de 2026 para discutir os parâmetros da medida.

O relator afirmou que a decisão busca equilibrar o interesse social e a autonomia desportiva, seguindo entendimento firmado na ADI 7.580.

Dessa forma, ele reconheceu que a intervenção decretada pela Justiça do Maranhão ocorreu diante de indícios de irregularidades relevantes, apresentados no processo que motivou o afastamento da diretoria e a nomeação da administradora.

Inscreva-se e não perca as notícias

A intervenção foi estabelecida após decisão de primeiro grau que apontou problemas na gestão da FMF e do Instituto Maranhense de Futebol.

A intervenção havia sido decretada pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, que afastou diretoria e conselho fiscal da FMF e do IMF.

O juízo determinou que Susan Lucena conduzisse um novo processo eleitoral em até 90 dias, ao observar sinais de inconsistências administrativas nas entidades. O ministro do STF concluiu que esses fatos justificam uma atuação estatal pontual durante a intervenção.

A ação que originou a intervenção foi proposta pelo Ministério Público do Maranhão, que apresentou indícios de falta de transparência, gestão temerária e falhas em assembleias internas.

O MPMA argumentou que a existência de confusão patrimonial entre a FMF e o IMF indicava possíveis desvios de finalidade que precisavam ser examinados. Além disso, o processo citou uma redução superior a 80% no patrimônio líquido da entidade em três anos.

O juiz de primeiro grau afirmou que a autonomia desportiva não pode funcionar como barreira contra o controle judicial em situações excepcionais.

O magistrado apontou que a intervenção buscava resguardar o patrimônio das entidades enquanto os fatos eram apurados. No Tribunal de Justiça do Maranhão, o desembargador Marcelo Carvalho Silva confirmou esse entendimento no julgamento de recurso apresentado pela defesa de Antônio Américo.

O presidente afastado da FMF sustentou que a intervenção violou autoridade do STF em precedente que trata da autonomia desportiva.

A defesa apontou que decisões internas da entidade não deveriam ser revistas pelo Judiciário, salvo em casos de ilícitos comprovados. Contudo, segundo o ministro do STF, as circunstâncias apresentadas enquadram-se nas exceções previstas no entendimento consolidado sobre intervenção.

POSICIONAMENTO DA CBF E RISCOS APONTADOS

A Confederação Brasileira de Futebol se manifestou no processo ao afirmar que medidas dessa natureza podem gerar riscos para o futebol maranhense.

A CBF registrou que organismos internacionais de governança esportiva exigem respeito à autonomia das federações estaduais. Ela também informou que intervenções podem acarretar sanções como exclusão de competições e interrupção de repasses financeiros.

Mesmo com o alerta da CBF, o ministro destacou que a intervenção em curso se baseia em fatos concretos apresentados pelo Ministério Público.

Ele adicionou que a medida deve ocorrer com o menor grau de invasão possível e sem comprometer o funcionamento regular das atividades esportivas. Assim, Dino considerou necessário fixar um procedimento de conciliação para estabelecer limites claros e temporários.

O relator enfatizou que a CBF deve participar da audiência por ser responsável pelo sistema de autorregulação do futebol brasileiro. Dessa forma, a presença da entidade garante que a discussão sobre o fim da intervenção siga as regras estabelecidas no estatuto e respeite a lógica da autonomia esportiva prevista na Constituição.

AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO EM 2026

A audiência deve ocorrer em São Luís até março de 2026, com a participação obrigatória de Antônio Américo, MPMA, CBF e da administradora Susan Lucena.

A interventora deverá apresentar um relatório detalhado das irregularidades encontradas durante a gestão. O encontro tem como objetivo definir um cronograma que permita encerrar a intervenção e restabelecer a normalidade administrativa.

Até o fim da medida, a administração provisória deve limitar sua atuação aos atos ordinários da FMF. O ministro proibiu qualquer alteração estatutária, convocação de eleições ou atos que modifiquem a estrutura interna da federação.

A Primeira Turma do STF analisará o acordo construído na audiência e decidirá sobre sua homologação.

Compartilhe
0 0 votos
Classificação da notícias
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Gostaríamos de usar cookies para melhorar sua experiência.

Visite nossa página de consentimento de cookies para gerenciar suas preferências.

Conheça nossa política de privacidade.

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x