
MARANHÃO, 24 de março de 2025 – O programa Bolsa Família impacta diretamente a decisão de migração dos agricultores mais pobres do Maranhão quando enfrentam secas extremas. Essa é a principal conclusão de um estudo pioneiro do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), que analisou dados de 2015 a 2019 em áreas rurais brasileiras.
No Maranhão, onde 57% dos 1,6 milhão de agricultores vulneráveis foram afetados por secas severas, o auxílio influenciou tanto a permanência quanto o deslocamento interno.
A pesquisa identificou que, em áreas com secas fortes mas controláveis, os beneficiários do Bolsa Família tiveram taxa de migração 4% menor que os não beneficiários. No entanto, nas regiões com estiagens extremas (1% das áreas mais secas), o padrão se inverteu: a taxa de migração foi 7% maior entre os que recebiam o auxílio.
No Maranhão, a maioria dos que se mudaram optou por trocar de endereço dentro do mesmo município ou cidades vizinhas, como Teresina (PI), Barras e Picos.
O estudo cruzou informações do Cadastro Único, dados climáticos históricos (desde 1981) e variáveis socioeconômicas. No Maranhão, onde 920 mil agricultores enfrentaram secas severas, o georreferenciamento mostrou que as migrações ocorreram predominantemente para locais próximos, mantendo vínculos regionais.
A pesquisa também destacou que o estado foi proporcionalmente mais afetado que a Bahia, líder em números absolutos.