PARIS, 22 de junho de 2023 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua preocupação com as exigências da União Europeia para a conclusão do acordo entre o Mercosul e o bloco europeu, chamando-as de “ameaça”. Durante a Cúpula sobre o Novo Pacto de Financiamento Global em Paris, Lula afirmou que as sanções previstas no acordo são consideradas “duras” pelo governo brasileiro.
O presidente ressaltou a necessidade de discutir e revisar as exigências, alegando que não é adequado ameaçar um parceiro estratégico. As negociações para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia começaram em 1999 e foram concluídas em 2019 no aspecto comercial e em 2021 em aspectos políticos e de cooperação. No entanto, o acordo ainda está em revisão devido à política ambiental do governo brasileiro, que resultou em altos índices de desmatamento, dificultando a finalização do acordo.
A União Europeia enviou ao Mercosul um documento com “instrumentos adicionais” a serem incluídos no acordo, e é essa adição que Lula considera uma ameaça. Uma das exigências refere-se à proibição da importação de produtos de áreas desmatadas após 2020, com a aplicação de multas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil está negociando com os outros países do Mercosul a apresentação de uma contraproposta.
Além disso, Lula defendeu a criação de uma moeda alternativa para transações comerciais entre países sem a dependência do dólar, mencionando as relações comerciais entre Brasil, Argentina e China. Ele afirmou que a discussão sobre esse tema está na sua lista de prioridades e será abordada nas reuniões dos BRICS e do G20.
Durante o discurso, Lula também abordou questões como desigualdade, fome, preservação ambiental na Amazônia e a necessidade de maior envolvimento dos países desenvolvidos no combate à desigualdade social, racial e de gênero, além de investimentos nas economias menos desenvolvidas e no combate à fome.