CEMITÉRIO EM RUÍNAS

Justiça obriga São Luís e concessionária a restaurar túmulos

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Justiça SLZ
Justiça determina que a Prefeitura de São Luís faça a recuperação de sepulturas no Cemitério do Gavião e proíbe alterações sem aval do patrimônio histórico.

SÃO LUÍS, 19 de agosto de 2025 – A Justiça determinou que o Município de São Luís e a concessionária São Marcos restaurem, em até 180 dias, as sepulturas nº 16Q e da família Collares Moreira, localizadas no Cemitério do Gavião.

A decisão, proferida pelo juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, também fixou indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 100 mil para cada réu, destinados ao Fundo Estadual de Proteção dos Direitos Difusos.

Além disso, a sentença proíbe qualquer demolição, modificação ou alteração em túmulos de relevância histórica, artística ou cultural sem autorização prévia do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP).

A medida busca resguardar bens culturais considerados fundamentais para a memória da capital maranhense.

A decisão confirma uma tutela de urgência concedida em 2018, dentro de ação popular ajuizada por Ramsés de Souza Silva. O autor contestou a demolição de túmulos em pedra lavada portuguesa, alguns datados do século XIX, com inscrições e elementos artísticos típicos do romantismo.

Segundo a denúncia, o Município teria autorizado e a concessionária executado intervenções em área tombada nos âmbitos estadual e municipal, dentro da Zona de Preservação Histórica (PH). O ato foi considerado lesivo ao patrimônio histórico e cultural de São Luís.

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TUTELA DE URGÊNCIA E NOVAS DEMOLIÇÕES

Na decisão liminar de 2018, a Justiça suspendeu qualquer autorização para demolir ou alterar sepulturas de relevância cultural no Cemitério do Gavião. A proteção foi ampliada para túmulos de figuras históricas como Sousândrade, Aluísio de Azevedo, Collares Moreira e Benedito Leite.

Apesar disso, durante a pandemia de coronavírus, foi registrada nova demolição, envolvendo o túmulo da família Collares Moreira. No local estão sepultados personagens de destaque, como Alexandre Collares Moreira Júnior (1849-1917), ex-intendente de São Luís e ex-senador da República.

Em audiência realizada em fevereiro de 2019, a administradora do cemitério se comprometeu a remontar o túmulo alvo da lide em outra alameda, mantendo suas características originais. Também se obrigou a preservar demais jazigos de valor histórico e cultural, no prazo de 90 dias, mesmo com parecer contrário do Ministério Público.

Na sentença definitiva, o magistrado reforçou que a Constituição Federal impõe a todos os entes federativos a responsabilidade pela proteção do patrimônio cultural, artístico e paisagístico. Ele citou ainda a legislação ambiental e resoluções do Conama que ampliam a noção de patrimônio para incluir o meio ambiente cultural.

CEMITÉRIO DO GAVIÃO

Fundado em 1855, o Cemitério de São Pantaleão, conhecido como Cemitério do Gavião, é o mais antigo em funcionamento em São Luís. Instalado no bairro Madre Deus, integra a área tombada do Centro Histórico da cidade.

O espaço surgiu após uma epidemia de varíola e simbolizou a mudança sanitária do século XIX, quando os sepultamentos deixaram de ocorrer no interior das igrejas.

Atualmente, abriga obras tumulares de grande relevância, esculturas em mármore de Carrara e exemplares arquitetônicos que vão do Neoclássico ao Art Déco.

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