
BRASÍLIA, 28 de agosto de 2025 – Os deputados do PL negaram, nesta quinta (28), envolvimento em esquema de corrupção ligado a emendas parlamentares. A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República investigam suposta negociação de propina em verbas destinadas à prefeitura de São José de Ribamar (MA).
Os investigados são Josimar Maranhãozinho (PL-MA), apontado como líder, Pastor Gil (PL-MA) e o suplente Bosco Costa (PL-SE). A Primeira Turma do STF aceitou a denúncia em março. Eles respondem por corrupção passiva e organização criminosa, no primeiro caso de ação penal aberta pela Corte envolvendo desvio comprovado de emendas.
Segundo a PGR, os deputados teriam cobrado R$ 1,6 milhão em propina para liberar R$ 6,6 milhões em emendas, cerca de 25% do valor. Um documento apreendido pela PF mostra como seria a divisão dos recursos entre os políticos. O agiota Pacovan é citado como intermediário da cobrança junto ao então prefeito Eudes Sampaio.
Na audiência de interrogatório, Josimar Maranhãozinho permaneceu em silêncio. Sua defesa afirmou não ter tido acesso a todas as provas, incluindo mídias eletrônicas citadas na denúncia. O relator do caso, ministro Cristiano Zanin, negou o adiamento da oitiva, mas autorizou manifestação posterior caso surjam novos elementos da perícia.
Pastor Gil declarou que destinou recursos a São José de Ribamar por vínculos eleitorais e religiosos. Ele disse que os valores seriam usados na construção de um prédio para o centenário da Assembleia de Deus. O parlamentar negou conhecer Pacovan e classificou como falsa a assinatura atribuída a ele no documento apreendido pela PF.
O suplente Bosco Costa afirmou que nunca destinou emendas ao Maranhão, apenas a Sergipe, seu estado de origem. Ele negou conhecer Eudes Sampaio ou Pacovan e disse não entender por que seu nome aparece no documento investigado. O parlamentar sustentou que jamais vendeu emendas e confia que a verdade será esclarecida.
ORIGEM DA DENÚNCIA
A apuração começou em 2020, quando o então prefeito Eudes Sampaio relatou suposta exigência de 25% sobre emendas da saúde. Segundo a PGR, Maranhãozinho coordenava os repasses e a divisão dos valores. Conversas de WhatsApp e documentos apreendidos reforçam a acusação. Outros investigados também foram ouvidos no processo.
Mesmo com as negativas dos parlamentares, a denúncia segue em análise no STF. O julgamento deverá avaliar as provas reunidas pela PF e pela PGR e pode estabelecer precedente relevante diante das críticas sobre a falta de transparência no uso das emendas parlamentares no país.







