GAZA, 08 de novembro de 2023 – Em apenas um mês, 37 profissionais da mídia foram mortos enquanto cobriam a guerra entre Israel e terroristas palestinos — mais que o dobro do total registrado em 20 meses de confronto na Ucrânia, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ).
O número também supera a soma de todas as mortes registradas em Israel e nos territórios palestinos desde 1992, quando começou a série histórica. Dos 37 jornalistas mortos até o momento — mais de um por dia — 32 eram palestinos, quatro, israelenses, e um, libanês.
Por trás da mortalidade recorde, há ainda tentativas de censura, ameaças, prisões arbitrárias, ataques a redações e familiares se tornando alvo, denuncia o CPJ.
Um dos profissionais afetados pela guerra é o palestino Nizar Sadawi, 36, correspondente da emissora turca TRT World em Gaza. Jornalista há 17 anos, ele e sua família precisaram abandonar suas casas por causa do conflito.
“Sem teto” e sem proteção — já que Israel declarou que não poderia garantir a segurança da imprensa na região — a única maneira que encontrou para ficar “relativamente seguro” foi se abrigar em um hospital.
No entanto, diversas organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha, têm denunciado ataques a centros de saúde.
— É praticamente impossível [estar seguro]. Mesmo que a gente use coletes e veículos sinalizando que somos da imprensa, eles não miram em uma ou duas pessoas, mas em um prédio inteiro. Se você estiver lá dentro quando desabar, nada importa — conta Sadawi ao GLOBO por telefone de Gaza. — Não dá para ver claramente os capacetes, então toda vez que vamos gravar do lado de fora do hospital à noite, estamos nos expondo.
As Forças Armadas de Israel já anunciaram que não podem proteger os profissionais da imprensa em Gaza, alegando estarem atingindo os terroristas palestinos em todo o território e acusando o grupo de realizar operações militares “nas vizinhanças de jornalistas e civis”.