Um relatório da Unicef publicado recentemente mostra que as medidas de isolamento social devem vitimar, no mínimo, milhões de pessoas a mais do que a Covid-19. Empobrecimento, paralisação de aulas, suspensão de campanhas de vacinação, interrupção de programas sociais e outros efeitos do isolamento terão efeito catastrófico.
Segundo o relatório, o empobrecimento da população devido o efeito na economia das medidas irá representar, apenas na mortalidade infantil, um retrocesso de dois anos. Já em 2020 serão “centenas de milhares de mortes infantis”.
Em mais ou menos seis meses a pandemia vitimou menos de 300 mil. Unicef afirma que, entre os vários números apresentados, desnutrição deve afetar mais de 300 MILHÕES de crianças ao redor do mundo.
O Unicef é o braço da Organização das Nações Unidas de proteção a crianças e adolescentes. Apesar de festejar o baixo contágio entre seus protegidos, a entidade afirma que a crise causada pelas medidas será catastrófica.
“Embora tenham sido felizmente bastante poupadas dos efeitos directos à saúde da COVID-19 – pelo menos até à data – a crise está a afectar verdadeiramente o seu bem-estar. Todas as crianças, de todas as idades e em todos os países, estão a ser afectadas, em particular pelos impactos socioeconómicos e, em alguns casos, pelas medidas de mitigação que podem originar inadvertidamente mais danos que benefícios. Esta é uma crise universal e, para algumas crianças, o impacto será para toda a vida”.
UNICEF: Impacto da COVID-19 nas crianças (página 2)
O relatório segue dizendo que as crianças mais afetadas serão as de países mais pobres. Um dos aspectos abordados diz respeito à interrupção da merenda escolar motivada pela paralisação das aulas.
“Prevê-se o aumento da desnutrição em 368,5 milhões de crianças em 143 países, que normalmente dependem das refeições escolares para obter uma fonte fiável de nutrição diária e agora devem buscar outras fontes. Os riscos para a saúde mental e bem-estar infantil também são consideráveis”.
UNICEF: Impacto da COVID-19 nas crianças (página 2)
O Unicef faz um cenário catastrófico já para 2020 no que diz respeito ao crescimento da extrema pobreza.
A introdução das previsões do cenário optimista do FMI num modelo de pobreza do IFPRI aponta para o aumento da pobreza extrema (PPP$1.90 / dia) para este ano que afectará entre 84 a 132 milhões de pessoas
UNICEF: Impacto da COVID-19 nas crianças (página 6)
A entidade afirma que a vulnerabilidade social deve potencializar doenças e riscos sociais que irão resultar na morte de milhões de crianças. Além disso, campanhas importantíssimas para a saúde de crianças e adolescentes foram suspensas.
As campanhas de imunização contra o sarampo foram suspensas em pelo menos 23 países que abrangeram cumulativamente mais de 78 milhões de crianças até os 9 anos de idade
UNICEF: Impacto da COVID-19 nas crianças (página 9)
Em termos comparativos, para que a Covid-19 alcance os efeitos do empobrecimento no que diz respeito à morte de pessoas, ela precisará matar nos próximos seis meses CINCO VEZES mais pessoas do que nos últimos seis, quando pouquíssimas medidas sanitárias haviam sido tomada e as pessoas desconheciam a doença. Algo bastante improvável de acontecer agora.
Como tentativa de impedir a catástrofe humanitária que se avizinha, a entidade sugere que as autoridades revejam os protocolos de isolamento social que estão resultando no empobrecimento da população.
Reequilibrar a combinação das intervenções para minimizar o impacto das estratégias do distanciamento físico e do confinamento nas crianças em países e comunidades de baixa renda e expandir os programas de protecção social para alcançar as crianças mais vulneráveis.
UNICEF: Impacto da COVID-19 nas crianças (página 2)
O relatório traz uma série de outros números e estimativas que apontam para uma verdade muitas vezes desprezada: o empobrecimento causado pelas medidas contra o Coronavírus vão vitimar dezenas de milhões de pessoas a mais do que o próprio vírus,
Veja o relatório na integra:
Relatorio-UNICEF-covid