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Há uma “cultura do feminicídio” no Brasil?

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Caso da juíza Viviane do Amaral Arronenzi está sendo mostrado como evento máximo do feminicídio no Brasil. Números comprovam que mulheres são vítimas de um país violento que não respeita a vida de ninguém.

Todas as vezes que uma mulher é assassinada a repercussão, evidentemente, é grande. Nos últimos dias o caso da juíza Viviane do Amaral Arronenzi, assassinada na frente das filhas pelo ex-marido Paulo José Arronenzi retomou as teorias de “onda de feminicídio e misoginia no Brasil”.

Em 2017 foram assassinados 65.602 seres humanos no Brasil. Desses, 4.473 eram mulheres. Em termos percentuais: 93% dos assassinados foram homens e 7% eram mulheres.

Em 2019 (primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro) foram assassinadas 3.739 mulheres em um universo de 41.635 seres humanos. Apesar da diminuição, os números continuam sendo de guerra.

A espetacularização de casos como o de Viviane escondem algumas situações que, pelo menos teoricamente, deveriam ser incômodas.

Números revelam preconceito?

Não! Os números mostram que a violência no Brasil atingiu níveis universais. Em um país em que são assassinadas 40 mil pessoas por ano, qualquer grupo que seja isolado irá aparecer nos primeiros lugares. Mulheres, pobres, ricos, homens, brancos, negros, índios, anões, deficientes, transexuais, gigantes. Enfim, TODOS!

Esse isolamento de grupos nada mais é do que uma ilusão. Incapaz, ou preguiçosa, a imprensa e as autoridades evidenciam determinados números em detrimento de todo o resto. Isso acaba por alienar o restante da sociedade da barbárie que assombra o país. “São mulheres, são negros, são pobres…” Não, são todos! E a resolução do problema só começará a ser desenhada quando essa noção de genocídio pela violência for disseminada, e posteriormente aceita, pelo resto das pessoas.

“Assassinada na frente das filhas”

As redes sociais no fim do ano são o maior exemplo da efetividade da campanha contra a família. Não é muito difícil encontrar internautas desprezando, caçoando e até amaldiçoando suas famílias. Ora, se uma família hoje é algo que pode ser compreendido como os amigos de bebedeira, dançarinas de cabaré, colegas de trabalho, camaradas de universidade, parceiros de pelada ou companheiros de jogatina ou comparsas de crime, por que o choque quando um pai assassina a mãe na frente dos filhos?

No fim dos anos 1980 também avançaram as teorias críticas contra a família tradicional. Hoje ela é mostrada na televisão como uma instituição ultrapassada que deve ser implodida. Ora, em um mundo em que a família pode ter qualquer nuance por que uma mulher ser assassinada na frente das filhas causa tanto terror? Se a relação entre um cachorro e seu dono é a mesma de um pai e uma filha, por que a relação deve ser sublimada? Viviane do Amaral Arronenzi está sendo usada como “mártir contra o feminicídio” quando na verdade é apenas mais uma entre dezenas de milhares de pessoas vítimas da violência endêmica que afeta esse país e do desrespeito que a família vem sofrendo ao longo dos anos.

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