
PARÁ, 14 de março de 2025 – O governo do Pará está construindo uma rodovia de 13 quilômetros que corta áreas protegidas da Amazônia, em preparação para a COP30, conferência climática da ONU que será realizada em Belém em novembro.
A obra tem sido alvo de críticas de ambientalistas e moradores locais, que alertam para os impactos ambientais e sociais do desmatamento.
A rodovia, com quatro faixas, atravessa dezenas de milhares de hectares de floresta amazônica, conectando Belém a áreas vizinhas. O governo estadual defende a obra como “sustentável”, destacando a instalação de ciclovias, iluminação solar e 34 passagens para a fauna silvestre.
No entanto, críticos argumentam que o desmatamento necessário para a construção contradiz o propósito da COP30, que é discutir soluções para a crise climática.
IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS
A construção da rodovia já resultou na remoção de árvores e no aterramento de áreas úmidas, afetando diretamente comunidades locais. Claudio Verequete, morador da região, relata que perdeu sua fonte de renda com a colheita de açaí após a derrubada das árvores.
Ele também demonstra preocupação com o futuro da área, temendo que a acessibilidade trazida pela estrada atraia mais desmatamento e projetos comerciais.
Além disso, a rodovia desconecta duas áreas de floresta protegida, o que, segundo cientistas, pode fragmentar o ecossistema e dificultar o deslocamento da fauna. Silvia Sardinha, veterinária especializada em vida selvagem, alerta que a obra reduzirá o habitat natural dos animais, dificultando sua reinserção na natureza após reabilitação.
RESPOSTA DO GOVERNO
Em nota, o governo do Pará afirmou que a obra não faz parte dos investimentos para a COP30 e que o licenciamento ambiental foi rigorosamente cumprido, incluindo audiências públicas com as comunidades.
A administração estadual também destacou que a rodovia está sendo construída em uma área já antropizada, onde a vegetação havia sido suprimida anteriormente para a instalação de um linhão de energia.
Apesar das garantias do governo, moradores como Verequete afirmam não ter recebido compensação pelos impactos sofridos e questionam os benefícios reais da obra para suas comunidades.
“Para nós, que moramos ao lado da rodovia, não haverá vantagens. Os benefícios serão para os caminhões que passarão por ela”, lamenta.