BRASIL, 7 de janeiro de 2025 – O jornal O Globo revelou nesta quinta (6) que ONGs contratadas pelo programa Cozinha Solidária, lançado em novembro de 2024 pelo presidente Lula, não entregaram as marmitas previstas em contrato. Apesar disso, as entidades apresentaram relatórios como se tivessem feito a distribuição completa das refeições.
A reportagem visitou três locais onde deveriam funcionar cozinhas comunitárias, mas não encontrou sinais de preparo de alimentos.
Em um dos endereços, no Jardim Varginha, zona sul de São Paulo, a Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá deveria entregar 4.583 marmitas por mês. Contudo, o local estava fechado, e moradores relataram desconhecer qualquer distribuição de alimentos.
Paula Souza Costa, responsável pela ONG e ex-assessora do ex-vereador Arselino Tatto (PT), afirmou que entregou apenas 250 marmitas em janeiro, em parceria com outro projeto. Em dezembro, mesmo sem distribuição, a ONG recebeu R$ 11 mil referentes à entrega de 4.583 marmitas.
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A Cozinha Solidária Unidos Pela Fé, localizada em Parelheiros, deveria entregar a mesma quantidade de refeições.
Claudinei Florêncio, ex-assessor de Arselino Tatto, admitiu que nenhuma refeição foi distribuída até então, apesar do contrato firmado em dezembro de 2024. Ainda assim, apresentou relatório alegando ter entregue todas as marmitas previstas.
No caso da Cozinha Solidária Instituto Rosa dos Ventos, de Anderson Clayton Rosa, assessor do deputado federal Nilto Tatto (PT), apenas 400 refeições foram produzidas em janeiro, apesar do contrato estipular 4.583 por mês.
José Renato Varjão, responsável pela ONG Mover Helipa, que subcontratou outras entidades, negou influência política na escolha das ONGs e prometeu visitar os locais para verificar as entregas. Quatro dias após a visita da reportagem, enviou um vídeo informando a inauguração da Cozinha Unidos Pela Fé.
O jornal também analisou relatórios de prestação de contas e encontrou semelhanças em 13 documentos. Os metadados indicam que foram criados por Fábio Rubson da Silva, advogado que presta serviços para a Mover Helipa.
O Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias, anunciou que vai monitorar o programa e realizar novas visitas. Se forem confirmadas irregularidades, medidas como a suspensão de repasses e a devolução de valores à União serão adotadas.
