LISBOA, 28 de junho de 2024 – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, defendeu nesta sexta (28) a realização do “Gilmarpalooza” – evento promovido por instituição de ensino superior do ministro Gilmar Mendes – em Lisboa.
Dino classificou as críticas ao Fórum, que reúne magistrados, empresários, advogados e lobistas em Portugal, como “esdrúxulas”.
“Uma visão anômala, esquisita, esdrúxula, eu diria, de parte da população brasileira que vê sentarem no mesmo auditório advogados, professores, acadêmicos, magistrados como algo negativo. A meu ver, é algo muito esquisito, atípico, soa muito mal nos meus ouvidos”, disse Dino durante palestra no Fórum de Lisboa.
O ministro alegou que o evento é realizado em Portugal devido à dificuldade de encontrar um ambiente de tranquilidade para debates entre políticos e empresários em território brasileiro.
“Às vezes perguntam por que fazer esse fórum em Lisboa, porque no Brasil talvez fosse impossível de fazer”, justificou Dino.
Dino, que defendeu a realização do Fórum, é relator de duas ações movidas pela Aegea Saneamento, empresa que adquiriu quatro mesas no evento em Lisboa.
O Fórum de Lisboa chegou à sua 12ª edição imerso em críticas por falta de transparência e possível conflito de interesses entre magistrados e agentes privados.
O evento é organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), de Gilmar Mendes, e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), reuniu na capital portuguesa sócios, diretores e presidentes de 12 empresas com ações no STF.
O banco BTG Pactual promoveu um happy hour em um luxuoso restaurante em Lisboa, reunindo empresários e juristas com o presidente do STF, Barroso, o decano Gilmar Mendes, e pelo menos dois candidatos à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara. A imprensa foi impedida de acessar o local.
O Fórum de Lisboa alega que nenhuma empresa patrocinou o evento. Já a Suprema Corte afirma não haver conflito de interesses, pois os ministros conversam com vários setores da sociedade. Seis ministros do STF, incluindo o anfitrião Gilmar Mendes, viajaram a Lisboa para o Fórum.
As empresas afirmaram que custearam as viagens de seus representantes e que não há pagamento de cachês.