
SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, 24 de junho de 2025 – Mesmo sem ocupar cargo na gestão municipal de São José de Ribamar, Júlio César de Souza Matos Filho, o “Júlio Filho”, tem assumido papel ativo nas articulações institucionais da prefeitura. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele aparece em Brasília tratando de convênios do município junto ao FNDE.
Durante a reunião, realizada com representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Júlio Filho se apresentou como interlocutor da gestão ribamarense. “Estamos aqui reafirmando e vamos continuar as obras”, declarou, mesmo sem vínculo formal com o Executivo.
Filho do prefeito Dr. Julinho, Júlio é presidente municipal do PL. Embora não tenha sido nomeado para nenhum cargo público, transita com desenvoltura nas agendas oficiais e ocupa espaços que, por definição, deveriam ser reservados a gestores nomeados.
A gestão de São José de Ribamar parece manter uma estrutura em que laços familiares garantem mais acesso do que atos administrativos. Enquanto isso, o prefeito, reeleito em 2024, decidiu nos últimos meses examinar contratos firmados ao longo de seu mandato.
A revisão dos contratos teve início após Dr. Julinho reunir fornecedores para avaliar os gastos da prefeitura. A medida marca uma mudança de postura no núcleo do poder, até então comandado nos bastidores por Natércio Silva dos Santos, cunhado da primeira-dama e atual vice-prefeito.
Natércio, conhecido como “Natércio 30”, foi assessor especial e homem de confiança do prefeito em sua primeira gestão. Em 2020, conquistou a vaga de vice-prefeito, ocupando posição estratégica dentro da máquina pública. O parentesco com a primeira-dama, Gilvana Duailibe, foi peça-chave nessa ascensão.
Aparentemente, com a chegada de Júlio Filho ao centro das articulações, houve um recuo no protagonismo do vice-prefeito. Pré-candidato à Assembleia Legislativa, Júlio retomou visibilidade. Em 2012, ele disputou a prefeitura de Ribamar pelo PCdoB, obtendo quase 17 mil votos.
Posteriormente, em 2020, tentou vaga na Câmara Municipal pelo MDB, mas teve a candidatura indeferida. Agora, de volta à cena política e sem nomeação oficial, atua em agendas que o colocam como figura-chave na gestão do pai.
ALVOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Enquanto articulações familiares se intensificam, o Ministério Público do Maranhão instaurou dois procedimentos para fiscalizar a educação municipal. Um deles investiga denúncias sobre o atendimento a alunos com deficiência na rede pública de ensino.
Segundo a promotora Patrícia Pereira Espínola, faltam profissionais especializados, materiais adaptados e estrutura adequada para garantir o direito à educação inclusiva. A apuração também envolve a efetividade dos Planos de Desenvolvimento Individual (PDI) nas escolas.
O segundo procedimento busca verificar a aplicação de recursos da educação, conforme os pisos constitucionais. A promotoria requisitou documentos orçamentários, relatórios financeiros e informações sobre os conselhos de acompanhamento da área.
Prefeitura, Secretaria de Educação e demais órgãos têm até 20 dias para enviar respostas. A promotoria destacou que o objetivo é assegurar transparência na gestão e garantir uma educação de qualidade para os estudantes ribamarenses.







