SÃO LUÍS, 18 de julho de 2024 – Facções criminosas na Grande São Luís instituíram um sistema de “tribunais do crime” para punir o que consideram “desvios de conduta”. Essas execuções sumárias e torturas, conhecidas como “tabuleiros”, são usadas para manter o controle sobre as comunidades e afastar a presença do Estado.
Em julho, a Polícia Civil investigou três execuções, revelando a brutalidade dessas facções, que se tornaram uma espécie de “Justiça” paralela nas periferias de São Luís.
Essas ações preenchem lacunas deixadas pelo Estado, permitindo que os criminosos mantenham o controle sobre as comunidades e garantam lucros com atividades ilegais, principalmente o tráfico de drogas.
O especialista em segurança pública, Paulo Henrique, aponta a similaridade simbólica entre essa Justiça paralela e o sistema judiciário brasileiro. Os criminosos realizam julgamentos, ouvem testemunhas e aplicam sentenças, frequentemente resultando em pena de morte.
Um caso recente é o de Jhon Lucas da Silva Santos, de 23 anos, sequestrado em 8 de julho enquanto estava na casa da sogra no bairro Nova Terra, São José de Ribamar. Quatro indivíduos, se passando por policiais, levaram Jhon de sua residência.
Três dias depois, seu corpo foi encontrado parcialmente carbonizado, com as mãos amarradas, no bairro Pindaí, em Paço do Lumiar.
Segundo o delegado Ricardo Castro, Jhon estava usando tornozeleira eletrônica e havia saído do sistema penitenciário há três meses. Ele tinha passagens por roubo e receptação. O corpo foi encaminhado para perícia, e os responsáveis pelo crime ainda não foram identificados.
Outro caso que ganhou destaque foi o de Warley França, conhecido como ‘Menor Warley’. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Warley aparece amarrado e sendo “interrogado” em um tribunal paralelo.
A família recebeu uma ligação informando que seu corpo seria encontrado em uma cova rasa no bairro Pirâmide.
Até o momento, a polícia não obteve respostas sobre o paradeiro de Warley.