BRASIL, 23 de outubro de 2024 – As contas das empresas estatais federais do Brasil devem encerrar 2024 com o maior déficit dos últimos 15 anos.
Entre janeiro e agosto, o prejuízo acumulado chegou a R$ 3,3 bilhões, e a previsão é que esse valor aumente para R$ 3,7 bilhões até o fim do ano. O resultado negativo, comparável ao de 2009, afeta mais de cem estatais em setores como infraestrutura, telecomunicações e agropecuária.
Segundo dados divulgados pelo portal g1, as estatais que mais contribuíram para o déficit em 2024 incluem Emgepron, Correios, Empresa Gestora de Ativos (Emgea), Infraero e Dataprev.
Empresas como Petrobras, Eletrobras e os bancos públicos não estão incluídas no cálculo, devido às suas características de governança, similares às de empresas privadas de capital aberto.
Após 2009, as estatais federais apresentaram superávits, impulsionados por aportes governamentais. Em 2018, o governo de Michel Temer investiu R$ 5 bilhões, enquanto o governo de Jair Bolsonaro injetou R$ 10 bilhões em 2019, resultando em um saldo positivo de R$ 14 bilhões.
O atual Ministério da Gestão e Inovação justificou o déficit de 2024 pelo aumento de investimentos em tecnologia e máquinas, financiados com recursos próprios das empresas.
O governo também destacou que entre 2018 e 2021, o Tesouro repassou fundos para investimentos que não foram realizados, contribuindo para a situação atual.
RISCOS FUTUROS
Projeções indicam que os resultados financeiros das estatais permanecerão desfavoráveis nos próximos anos. Especialistas temem que o descontrole das contas prejudique a credibilidade do país e dificulte os esforços para equilibrar as finanças públicas.
O economista Gabriel Barros expressou preocupação com a sustentabilidade dos repasses do governo às estatais, enquanto Claudio Frischtak advertiu que a população arca com o custo do déficit, o que agrava a situação fiscal e eleva os juros, o estresse cambial e o risco país.
RESPOSTAS DAS ESTATAIS
Emgepron atribuiu o déficit aos gastos com construção naval para a Marinha, enquanto os Correios alegaram que o rombo é herdado, mas estão utilizando recursos próprios para recuperar a empresa. A Emgea declarou-se superavitária, com capacidade de cobrir suas despesas.
A Infraero afirmou que não precisará de fundos governamentais para cobrir seu déficit, resultante do uso de recursos próprios na transferência de aeroportos. A Dataprev, por sua vez, negou prejuízo, destacando resultados positivos e alta liquidez.