BRASÍLIA, 28 de novembro de 2023 – A decisão do Lula de indicar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou uma crise interna no PT.
A cúpula petista manifesta descontentamento, uma vez que preferia a nomeação do advogado-geral da União, Jorge Messias, considerado próximo ao partido.
Dino, ex-governador do Maranhão, é percebido como um adversário político, não apenas pelos bolsonaristas, mas também pela ala majoritária do PT, desde sua gestão no Maranhão.
Nos bastidores, membros do comando petista demonstram preocupação de que, mesmo no STF, Dino possa deixar a Corte para concorrer à Presidência da República em 2030, já que é filiado ao PSB.
A decisão de Lula, além da escolha de Dino, inclui a indicação do secretário-executivo Ricardo Capelli como ministro interino da Justiça, até a definição do sucessor. Essa decisão também contribui para o descontentamento nas fileiras do PT.
Na análise da cúpula petista, Lula impõe três “trancos” consecutivos no partido com suas decisões.
O primeiro é a nomeação de Dino para o STF, o segundo é deixar Capelli, considerado desafeto do partido, como interino no Ministério da Justiça, e o terceiro é a indicação de Paulo Gonet como procurador-geral da República, gerando insatisfação de uma ala do PT que buscava apaziguar o descontentamento com essa escolha.
Na semana passada, grupos de esquerda enviaram um manifesto a Lula contra a indicação de Gonet para a PGR, alegando que ele era “ultraconservador”. Apesar das críticas, membros do PT favoráveis a Gonet entraram em cena para defender o subprocurador.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o senador Davi Alcolumbre garantiram a Lula que os nomes de Dino e Gonet seriam aprovados no Senado.
Mesmo assim, a oposição, liderada pelo PL de Bolsonaro, promete resistência à nomeação de Dino, especialmente por sua atuação contra bolsonaristas nos atos de janeiro.
A desconfiança paira sobre a votação de Jaques Wagner, líder do PT no Senado, que votou a favor da PEC que limita decisões monocráticas do STF, gerando descontentamento interno no partido.