
BRASIL, 30 de julho de 2025 – A poucos dias da entrada em vigor do tarifaço, com as novas tarifas americanas sobre produtos importados, empresários e trabalhadores brasileiros já sofrem os impactos da medida que será aplicada sobre o Brasil.
Com uma sobretaxa de 50% a todas as exportações do país para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump para iniciar na sexta (1º), importadores americanos têm contratos suspensos de importação e indústrias de diferentes áreas se viram obrigadas a paralisar atividades, demitir funcionários e importar férias coletivas forçadas.
O setor madeireiro, que concentra cerca de 90% de sua capacidade instalada nos três estados da região Sul, é um dos mais afetados.
O setor madeireiro emprega aproximadamente 180 mil pessoas em postos diretos e em 2024 exportou US$ 1,6 bilhão para o mercado americano, cerca de 50% da produção nacional, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
De acordo com a entidade, alguns segmentos exclusivamente dos Estados Unidos, com 100% das vendas atreladas ao país. A maioria dos contratos com empresas americanas estão sendo cancelados e muitos embarques do setor foram suspensos desde o anúncio das novas tarifas.
“O setor possui aproximadamente 1.400 contêineres com produtos embarcados jádos e em trânsito marítimo para os Estados Unidos. Além disso, em torno de 1.100 contêineres estão posicionados em terminais portuários aguardando embarque”, informou a associação, em nota.
Em Minas Gerais, a iminência da aplicação das novas tarifas americanas gera uma das maiores crises recentes da indústria de ferro-gusa, utilizada na produção de aço.
Com o aumento de custos, empresas dos Estados Unidos que importam o produto brasileiro têm contratos de compra suspensos desde o anúncio do aumento da tarifa pelo governo americano.
Os Estados Unidos são o principal destino do material produzido no estado, absorvendo cerca de 68% da produção, segundo o Sindicado da Indústria do Ferro de Minas Gerais (Sindifer).
Em 2024, 87% das exportações de ferro-gusa brasileiras tiveram como destino os Estados Unidos, que importaram 3,3 milhões de toneladas do material. Cerca de 85% desse volume saiu de Minas Gerais.
Na semana decisiva para os exportadores brasileiros, as negociações do Brasil com os Estados Unidos continuam travadas . No domingo (27), Trump negou a possibilidade de adiamento da medida , confirmando a entrada em vigor das novas taxas a partir do dia 1º.
A tarifa, se confirmada, pode gerar demissões em massa ainda em importantes setores do agronegócio, como o de café, carne bovina e suco de laranja , além das indústrias de petróleo e gás, peças para aeronaves, máquinas e equipamentos de geração de energia e minerais não metálicos.
A Taurus, maior fabricante de armas de fogo do Brasil e um dos maiores fornecedores de pistolas para o mercado americano, declarou que, caso a tarifa seja mantida, poderá transferir toda a sua operação para os Estados Unidos. A mudança resultaria na perda de até 15 mil empregos no Rio Grande do Sul, sendo 3 mil deles diretos, gerados pela fábrica em São Leopoldo (RS).
Um estudo do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estima que o tarifaço americano pode levar a até 110 mil demissões no país . O impacto foi de 40 mil postos de trabalho na agropecuária, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria.
Conforme o levantamento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,16%, o equivalente a uma redução de R$ 19,2 bilhões. Os estados mais prejudicados, em termos absolutos, seriam São Paulo (-R$ 4,4 bilhões), Rio Grande do Sul (-R$ 1,9 bilhões), Paraná (-R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (-R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (-R$ 1,66 bilhão).
 
								 
								 
															 
								 
								



 
															



 
															