
MARANHÃO, 20 de setembro de 2025 – Três comunidades indígenas do Maranhão denunciaram que empresários e fazendeiros realizaram desmatamento áreas das Terras Indígenas Porquinhos, Kanela Memortumré e Bacurizinho para instalar lavouras, pastagens, carvoarias, estradas, silos e até aeroportos particulares.
O caso foi revelado pelo portal O Joio e o Trigo, que identificou a atuação de uma empresa com sede na rua Augusta, em São Paulo, responsável por propriedades sobrepostas também a um parque estadual.
Esses territórios receberam demarcações parciais no fim da década de 1970, durante a ditadura militar, sem consulta às comunidades locais. As áreas que permaneceram fora da delimitação oficial e seguem em processo de reconhecimento são hoje alvo do interesse de empresários e produtores rurais.
Em 2022, a FMJ União Agrícola do Nordeste recebeu quase R$ 3 milhões do Banco do Brasil para produzir 4 mil toneladas de milho transgênico na fazenda Vale Verde, de 2.441 hectares.
A propriedade está parcialmente sobreposta à Terra Indígena Kanela Memortumré. A mesma empresa controla a fazenda Baixa Verde, com 13.761 hectares, localizada integralmente sobre a Terra Indígena Porquinhos dos Canela Apãnjekra, adquirida no mesmo ano de uma associação de pequenos produtores rurais.
Um dos sócios da FMJ era o empresário André Feldman, morto em janeiro de 2024 junto da esposa, Juliana Alves Feldman, em um acidente de helicóptero. Feldman também presidia a Big Brazil, licenciada para atuar no mercado de apostas no Brasil e operadora da Caesars Entertainment, grupo internacional de cassinos e hotéis.
Em resposta, a Big Brazil negou vínculos com a FMJ.
O Banco do Brasil declarou que adota critérios rigorosos para identificar situações de sobreposição em financiamentos.
A instituição disse que o crédito liberado para a produção de milho está localizado fora da Terra Indígena homologada Kanela. No entanto, não comentou a delimitação feita pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) em 2012, que apontou a área da fazenda Vale Verde dentro do território Kanela Memortumré.
Paralelamente, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou que o chamado “Índio do Buraco”, de Rondônia, pode não ter sido o último sobrevivente do povo Tanaru.
A organização, que atua há mais de 30 anos na região, investiga relatos de contato do grupo com indígenas Guaratira. A apuração, motivada por narrativas de uma família local, resultará em relatório específico.
No mesmo contexto, a InfoAmazonia relatou detalhes da investigação, enquanto o portal ((o))eco destacou decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 11 de setembro, que autorizou a criação de um parque nacional na área.







