MARANHÃO, 8 de janeiro de 2025 – Documentos apreendidos em um avião transportando R$ 1,5 milhão em espécie, que a Polícia Federal atribui a propinas, indicam repasses vinculados a contratos públicos de R$ 170 milhões. Os valores envolvem acordos com o município de São Paulo e os estados do Maranhão, Pará e Piauí.
As informações constam em planilhas citadas pela PF ao solicitar a prisão de Carlos André Coelho, ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória (BA), em 23 de dezembro. Ele foi liberado no dia seguinte pelo Tribunal Regional da 1ª Região. A ação integra a segunda fase da Operação Overclean, que apura desvios em contratos entre empresas e órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
A PF atribui ao ex-prefeito um papel central no esquema, alegando sua influência em contratos em diferentes estados e em decisões administrativas. Segundo os investigadores, Coelho teria atuado em favor dos irmãos Alex e Fabio Parente, apontados como líderes do grupo criminoso, junto ao empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo” na Bahia.
Durante a operação, a PF encontrou documentos e planilhas indicando valores e contratos ligados à sigla “CA”, atribuída a Carlos André, totalizando R$ 170 milhões. No entanto, não detalhou os contratos específicos. A defesa do ex-prefeito afirma que a sigla não se refere a ele e nega qualquer atuação ilícita.
A investigação também identificou depósitos realizados pela empresa BRA Teles Ltda., apontada como de fachada e usada para pagamentos de propina. Conversas entre os investigados mencionam entregas de dinheiro, incluindo códigos como “robalos”, interpretados pela PF como valores em espécie.