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Distorções salariais no setor público chegam a 800%

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Público estudo
Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público revela desigualdades salariais, supersalários e falta de padronização em cargos semelhantes no Brasil.

BRASIL, 14 de janeiro de 2025 – O setor público brasileiro enfrenta distorções salariais alarmantes, com diferenças que chegam a 800% entre os salários iniciais e finais de cargos semelhantes. Os dados foram divulgados pelo Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público, lançado em 2024 pelo Instituto República.org.

O estudo aponta falhas estruturais como supersalários, ausência de padronização salarial e privilégios em carreiras específicas.

Entre os exemplos citados, um analista administrativo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) recebe salário inicial inferior a R$ 6 mil, enquanto um analista de agência reguladora começa com aproximadamente R$ 10 mil.

Além disso, a remuneração frequentemente desconsidera a complexidade das funções. Coordenadores-gerais, que ocupam cargos de alta direção, ganham até R$ 12,7 mil, menos que analistas de ciência e tecnologia e auditores fiscais, que recebem valores significativamente superiores.

DIFERENÇAS ENTRE ESTADOS E CATEGORIAS

A amplitude salarial também varia amplamente entre estados. No Tocantins, o salário de um analista de gestão governamental começa em R$ 4,5 mil e pode chegar a R$ 41,2 mil, uma diferença de 808%. Em Santa Catarina, a mesma função apresenta uma variação menor, indo de R$ 1,2 mil a R$ 1,9 mil.

Outro exemplo destacado é o caso de Mato Grosso do Sul, onde auditores fiscais podem receber até R$ 49 mil, valor superior ao teto constitucional, atualmente de R$ 44 mil.

A falta de uma política uniforme de reajuste agrava as desigualdades. Enquanto auditores fiscais tiveram aumentos reais superiores a 50%, cargos de alta direção enfrentaram cortes de até 37,3%.

Segundo Paula Frias, coordenadora de Dados da República.org, essas discrepâncias afetam a motivação dos servidores e comprometem a eficiência do setor público.

“O sistema desestruturado torna o serviço público menos eficaz e gera insatisfação generalizada”, afirma Paula.

Entre as propostas da entidade estão a simplificação de carreiras, a criação de critérios claros para progressão salarial e a redução de privilégios em categorias específicas.

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