
Nos últimos anos a deputada estadual Ana do Gás (PCdoB) citou, em pelo menos duas ocasiões distintas, a professora Simone de Beauvoir durante discursos e apresentação de projetos na Assembleia Legislativa do Maranhão. Ocorre que a inspiradora da parlamentar foi, segundo vasto material bibliográfico, uma aliciadora de menores de idade e defensora de pedófilos. Situações amplamente divulgadas em uma série de livros e documentos históricos.
Entre as inúmeras publicações que comprovam que a professora Simone de Beauvoir usava o cargo para aliciar menores de idade para manter relações sexuais com o companheiro, o filósofo Jean-Paul Sartre, estão: Diário de Guerra (publicação de 1990 que traz roca de cartas entre Beauvoir e Sartre), Memórias de Uma Menina Mal-Comportada (lançado em 1994 e de autoria de Bianca Lamblin, uma das garotas que foi aliciada quando menor de idade); Uma Relação Perigosa (de autoria da historiadora Carole Saymour-Jones, lançado em 2009, aprofunda ainda mais o submundo de aliciamento e hipocrisia que calcificou a vida da professora).
É certo que as citações de Ana do Gás esbarram em uma dificuldade em pronunciar o nome o nome de Beauvoir. É provável que Ana do Gás, ao contrário da imagem de mulher empoderada e conhecedora da obra de Simone de Beauvoir, esteja apenas lendo algo que algo que alguém escreveu sem sequer saber o que lê.
Outro áudio do enaltecimento de Ana do Gás à Simone de Beauvoir pode ser encontrado no próprio site da Assembleia Legislativa.
Ocorre que Ana do Gás, assim como qualquer outro parlamentar, tem responsabilidade absoluta sobre o que fala na tribuna. A partir do momento que o discurso escrito no papel passa a ser verbo nas palavras da deputada, a autoria e a responsabilidade passam a ser dela.
E o fato é a comunista Ana do Gás, reiteradamente, vem prestando homenagens a uma pessoa desprezível que caçava a virgindade de garotas menores de idade para satisfazer a depravação sexual do companheiro.
HISTÓRIA LONGA E INDISPENSÁVEL
Apesar de que, ainda em 1959, Beauvoir tenha publicado na revista Esquire um texto chamado “Brigitte Bardot e o Síndrome de Lolita”, em que justifica obscenidades com mulheres menores de idade numa teoria batizada por ela de “pedofilia feminina pedagógica”, foi apenas em 1990 que o mito de “mulher empoderada” começasse a ser demolido pela realidade.
Em 1990 foi lançado “Diário da Guerra”, que trazia cartas trocadas entre Simone e seu marido, o filósofo Jean-Paul Sartre. As cartas mostravam indícios fortes de que Simone fazia uso do cargo de professora para se aproximar, seduzir, manter relações sexuais e depois aliciar um grande número de garotas para o marido, Jean-Paul Sartre. Os dois mantinham um “relacionamento aberto” em que Beauvoir, inspiradora da atuação parlamentar de Ana do Gás, se ocupava de conseguir “carne nova” para o relacionamento.
Quatro anos depois foi lançado “Memórias de Uma Menina Mal-Comportada” (o livro é um trocadilho em relação a uma autobiografia de Beauvoir chamado Memórias de Uma Menina Bem-Comportada), de Bianca Lamblin. Na obra, a autora narra como foi seduzida e depois aliciada aos 16 anos por Beauvoir. Filha de refugiados judeus da Polônia (momentos antes da eclosão da Segunda Guerra na Europa) e em completa situação de vulnerabilidade, Bianca foi aliciada por Beauvoir em 1938. No livro, ela conta que teve sua virgindade tirada por Sartre depois da influência de Beauvoir. Em uma passagem, ela reproduz uma frase de Sartre dita durante sua condução ao quarto do hotel onde os dois tiveram a primeira relação. “A camareira do hotel vai ficar surpresa, pois ontem mesmo eu tirei a virgindade de outra menina”, disse o predador sexual marido da ativista.
A perversão de Sartre chegou a ser publicada em sua própria autobiografia. Em uma delas, ele afirmou que desde os 13 ou 14 anos sentia atração sexual pela própria mãe.
Ocorre que Sartre tinha sérios problemas com higiene pessoal e era, segundo ele próprio e Beauvoir em cartas trocadas, feio. Por isso a inspiradora dos discursos de Ana do Gás tinha função estratégica na vida dele. Aliás, um dos casos mais conhecidos de Sartre foi Wanda Kosakiewicz, que relatou ter vomitado em um banheiro após ter dado seu primeiro beijo no companheiro de Beauvoir.
Após a descoberta de que usava seu cargo de professora para aliciar menores vir à tona em 1943, Simone perdeu o direito de lecionar. A vítima pivô do escândalo foi a aluna Natalie Sorokine, também menor de idade.
Em 2005 foi publicado um texto na revista “The New Yorker”, escrito por Louis Menand, escritor e vencedor do Prêmio Pulitzer de 2002, escancarou a hipocrisia do casal.
“Em entrevistas, Beauvoir negava categoricamente ter tido relações com mulheres. Nas cartas ela descrevia para Sartre suas noites na cama com mulheres. A correspondência está cheia de comentários depreciativos sobre as pessoas com quem dormiram ou tentaram dormir, embora quando estavam com elas irradiassem interesse e carinho. Sartre, em particular, estava sempre falando para as mulheres do seu amor e devoção, e da sua incapacidade de viver sem elas”.
Além dos casos comprovados de aliciamento, em janeiro de 1977 a professora assinou uma petição pedindo a liberdade de três homens que foram condenados pelo Tribunal de Versailles por manter relações sexuais com meninas de 13 anos. Publicada no jornal “Le Monde”, a carta foi assinada por Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre. Um trecho do texto afirmava: “Se uma menina de 13 anos tem o direito de tomar a pílula, é para quê?
Em 2009, a historiadora escocesa Carole Saymour-Jones lançou “Uma Relação Perigosa”. No livro é relatado que diversas das meninas aliciadas pelo casal tiveram suas vidas destruídas. Uma delas chegou, inclusive, a cometer suicídio. Várias outras tornaram-se prostitutas e viciadas em drogas, segundo a historiadora Carole Saymour-Jones.
Além de reiterar os escândalos já sabidos, a obra trouxe à tona uma discussão até então esquecida: Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre não foram incomodados por nazistas e viveram confortavelmente durante a ocupação da França na Segunda Guerra. Ela, inclusive, trabalhou na emissora nazista Rádio Vichy. O marido tomou o posto do professor judeu do Liceu Condorcet, Henri Dreyfus Lefoyer. A situação se deu em razão das leis raciais nazistas que proibiam professores judeus de lecionar.
ANA DO GÁS: CULPADA OU INOCENTE?
Como dito antes, Ana do Gás muito provavelmente sequer sabe quem foi Simone de Beauvoir. Contudo, tem usado seu mandato para propagar o ideário de uma pessoa desprezível que defendia a emancipação feminina em público enquanto tratava jovens meninas como “carne fresca” para suprir a doença do marido em privado. Além de aliciadora de menores, era uma hipócrita.
Se Ana do Gás é culpada ou inocente? Só os próximos discursos irão mostrar isso.
E aos deputados que costumam seguir loucamente as orientações de assessora com cabelo azul e piercing no mamilo para parecerem descolados e inteligentes, fica o aviso: vocês podem estar metendo-se em uma grandiosa enrascada.