
RIO DE JANEIRO, 08 de novembro de 2023 – Aliados e interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelam que o ânimo dele em relação a uma eventual nomeação do governador do Maranhão, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) diminuiu nas últimas semanas. O motivo? A situação no Rio de Janeiro.
Lula, juntamente com líderes petistas influentes, ficou contrariado com a necessidade de decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro como resposta ao agravamento da criminalidade na região.
O ex-presidente não estava disposto a autorizar a GLO, mas o ministro da Justiça e o diretor-geral da Polícia Federal argumentaram que a PF não tinha recursos e pessoal suficiente para reforçar a segurança em portos, aeroportos e áreas de fronteira, como era necessário.
A Polícia Federal enfrenta lentidão em algumas operações devido a uma “greve branca” dos policiais federais em busca de aumentos salariais.
O recrudescimento da violência no Rio, incluindo o assassinato de médicos e ataques incendiários a ônibus, forçou o governo a agir. Essa situação aumentou a insatisfação de Lula.
De acordo com assessores próximos de Lula, durante a crise, o secretário-executivo de Flávio Dino, Ricardo Cappelli, fez promessas que não conseguiu cumprir para ganhar destaque, visando a uma possível substituição do ministro da Justiça em caso de nomeação de Dino para o STF.
Uma das promessas era a divulgação de um plano nacional de segurança pública, que acabou sendo abandonado devido à falta de medidas concretas. Em reação, membros do governo passaram a sugerir ironicamente que Dino já teria nomeado Cappelli como ministro da Justiça, sem comunicar o presidente.
Em outubro, Lula afirmou que estava avaliando se Dino contribuiria mais para o país no STF ou na Justiça. Diante desses sinais, aliados de Lula sugerem que Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU), e Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), disputam a nomeação.