
BRASÍLIA, 17 de junho de 2025 – Entre 2023 e 2024, nove estados brasileiros registraram, juntos, 41.203 crimes ambientais. Os dados fazem parte de um relatório da Rede de Observatórios de Segurança, que analisou registros enviados pelas secretarias de segurança do Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Essas informações, no entanto, não contemplam casos de violência contra povos tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. A Rede considera que os dados são limitados, pois não refletem de forma completa a realidade socioambiental dos territórios analisados.
Além disso, os registros se baseiam exclusivamente na Lei nº 9.605/1998, a chamada Lei de Crimes Ambientais. Essa legislação não abrange conflitos agrários nem violações cometidas contra comunidades tradicionais, o que reduz a abrangência das estatísticas oficiais.
DIFERENÇAS ENTRE OS ESTADOS
A forma como cada estado coleta e apresenta os dados contribui para lacunas e falta de padronização. Pará, Pernambuco e Piauí apresentaram as informações mais detalhadas. Já Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo não reportaram dados específicos sobre povos tradicionais. O Ceará informou apenas o total de crimes, sem especificações.
Nos estados com dados organizados por categorias, os crimes foram divididos em cinco tipos: contra a fauna, contra a flora, de poluição, de exploração mineral e outros. Na Bahia, 87,22% dos crimes atingiram a flora. O Piauí liderou em infrações contra a fauna, com 67,89%. O Maranhão teve o maior percentual de crimes de poluição: 27,66%.
Com relação à exploração mineral, os maiores índices foram observados no Rio de Janeiro (2,66%) e na Bahia (2,20%). São Paulo, por sua vez, concentrou o maior número absoluto de crimes ambientais: 17.501 registros.
AUMENTOS EXPRESSIVOS
O Maranhão apresentou o maior crescimento percentual entre os estados monitorados. Houve aumento de 26,19% nos crimes ambientais em 2024, na comparação com o ano anterior. No Pará, os delitos ligados a incêndios em áreas como lavouras, pastagens e matas cresceram 127,54%.
Em São Paulo, os crimes de incêndio em vegetação registraram aumento de 246,03% em 2024. O estado também lidera em número total de crimes ambientais reportados no período analisado.