MARANHÃO, 24 de junho de 2024 – Na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, a criação ilegal de gado tem aumentado, coincidentemente com um aumento de assassinatos de indígenas guajajaras.
Em 2023, quatro guajajaras foram assassinados e três sobreviveram a atentados, marcando o ano como o mais violento desde 2016.
A legislação brasileira proíbe a pecuária comercial em terras indígenas, mas uma investigação da Mongabay, que durou um ano, revelou que grandes áreas da Arariboia têm sido utilizadas para a criação de gado desde 2023.
Esta expansão da pecuária e da exploração madeireira ilegal está concentrada nos municípios de Amarante e Arame, áreas que coincidem com operações da Polícia Federal e embargos do Ibama devido ao desmatamento ilegal.
Embora não haja evidências diretas ligando proprietários de serrarias e fazendas aos assassinatos, a situação na Arariboia é alarmante. “Essa terra sofre muito assédio, muitos ataques”, afirma Hilton Melo, procurador federal especializado em questões indígenas.
Marcos Kaingang, secretário nacional de direitos territoriais indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), anunciou uma operação para remover o gado ilegal da Arariboia planejada para o primeiro semestre de 2025. Estima-se que haja entre 500 a 1.000 cabeças de gado na região.
A situação é ainda mais complexa devido à histórica invasão de terras. José Maria Paulino Guajajara, cujo filho Paulo Paulino Guajajara foi assassinado por madeireiros em 2019, relata que a terra foi ocupada por forasteiros que depois venderam as áreas para pecuaristas.
Laércio Guajajara, guardião da floresta e sobrevivente de um ataque, destaca que os fazendeiros tentam convencer os indígenas a arrendar terras para a criação de gado.
“Nosso território está sendo encolhido cada dia mais, está descontrolado o avanço de pastagem”, alertou.