PEQUIM, 29 de janeiro de 2024 – Um rascunho de artigo científico de autoria de dez pesquisadores de Pequim, China, chamou a atenção no banco de pré-publicações BioRXiv, dedicado a artigos que ainda não passaram pelo processo de revisão para publicação em revistas especializadas.
No texto, tornado disponível no último dia 4, eles relatam ter manipulado um coronavírus de pangolim, aparentado ao vírus da Covid-19, que matou 100% de camundongos geneticamente modificados para terem pulmões semelhantes aos humanos. Os autores admitem que o vírus poderia saltar para humanos.
Os cientistas, liderados por Lihua Song, da Universidade deTecnologia Química de Pequim, descrevem ter isolado duas linhagens virais depangolins, que são mamíferos semelhantes a tatus e tamanduás que só existem naÁsia e na África.
Esses dois tipos de coronavírus semelhantes ao SARS-CoV-2 (daCovid) foram inoculados em culturas laboratoriais em 2020 e 2017. O tipocultivado em 2017, chamado GX_P2V, após passar por células vivas em placa,perdeu uma pequena extremidade do seu material genético, gerando um subtipo.
“Clonamos esse mutante”, dizem os chineses, “considerando apropensão dos coronavírus de passar por mutação adaptativa rápida em culturacelular, e avaliamos a sua patogenicidade em camundongos” geneticamentemodificados para apresentarem pulmões com características humanas.
Resultado: oclone (cópia) conseguia infectar esses roedores, “com altas cargas viraisdetectadas no pulmão e no cérebro. Essa infecção resultou em 100% demortalidade dos camundongos”. Os autores concluem que a letalidade do vírus provavelmentetem relação com a presença no cérebro.
A amostra de roedores infectados foi pequena, de apenas quatroindivíduos, que foram comparados a dois outros grupos de quatro, um com o vírusinativado e outro com uma inoculação sem efeito. Dentro de uma semana em queperderam 10% de seu peso, todos os quatro infectados morreram.
Eles também apresentaram o comportamento de arrepiar os pelos (que pode ser uma reação asentir frio ou um sinal de estresse emocional), postura encurvada (sinal dedesconforto, dor, estresse, fraqueza ou fadiga), movimentos lentos, e seusolhos ficaram brancos.
Os cientistas então repetiram o experimento, dobrando otamanho dos grupos, com os mesmos resultados, que sugerem “infecção cerebralsevera” confirmada por “neurônios encolhidos no córtex cerebral”.
É citada no estudo a virologista Shi Zhengli, que chefia o Instituto de Virologia de Wuhan e é coautora de um projeto de pesquisa que pediu verba americana, através da ONG intermediária EcoHealth Alliance, para inserir em coronavírus uma estrutura molecular que está presente no vírus da Covid-19.
O projeto antecede a pandemia.