RETRAÇÃO

Consumo das famílias de São Luís cai após sete meses de alta

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Consumo São Luís
Indicador revela retração de 0,5% de consumo em maio, com destaque para menor intenção de compra de bens duráveis e maior dificuldade de acesso ao crédito.

MARANHÃO, 27 de maio de 2025 – A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em São Luís recuou 0,5% em maio de 2025, após sete meses consecutivos de crescimento. O índice caiu de 90,9 para 90,4 pontos, segundo levantamento da Fecomércio-MA em parceria com a CNC.

Apesar do avanço em relação ao mesmo período de 2024, quando o índice marcava 82,9 pontos, o resultado ainda permanece abaixo do nível considerado satisfatório, fixado em 100 pontos. A retração revela cautela por parte dos consumidores da capital maranhense.

O recuo é mais expressivo entre as famílias com renda de até 10 salários-mínimos, cujo índice ficou em 88,6 pontos, abaixo da média geral. O comportamento indica maior sensibilidade a fatores econômicos adversos.

De acordo com o presidente da Fecomércio-MA, Maurício Feijó, a desaceleração decorre de um ajuste nas expectativas das famílias. Ele afirma que mesmo datas como o Dia das Mães não foram suficientes para manter o ritmo anterior.

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Segundo Feijó, muitos consumidores de baixa renda anteciparam seus gastos no período da Semana Santa. Assim, o consumo de maio foi impactado por esse adiantamento e pela permanência de incertezas econômicas.

O subcomponente “momento para aquisição de bens duráveis” teve a maior retração entre os itens avaliados, com queda de 9,8%, atingindo apenas 28,1 pontos. É o menor patamar observado na pesquisa.

Além disso, o item “nível de consumo atual” recuou 4,0%, alcançando 49,8 pontos. Isso indica que as famílias consumiram menos em comparação ao mês anterior, refletindo um comportamento mais contido nas compras.

Outro fator que influenciou negativamente foi o acesso ao crédito. O indicador caiu 2,6%, fechando em 93,1 pontos. A taxa Selic elevada, fixada em 14,75% ao ano, continua restringindo o financiamento ao consumo.

Em contrapartida, o item “renda atual” subiu 4,6%, chegando a 117,1 pontos. A melhora na percepção da renda tem relação direta com o crescimento do trabalho informal, que tem absorvido parte da força de trabalho local.

O indicador de “perspectiva profissional” permaneceu elevado, com 145,8 pontos. O otimismo se concentra principalmente entre os consumidores com maior renda, mais confiantes nas oportunidades futuras do mercado de trabalho.

O mercado formal também colaborou com esse cenário. Em março de 2025, São Luís abriu 693 vagas com carteira assinada, número significativamente maior que o registrado em fevereiro, quando foram criadas 243 vagas.

Mesmo com pequenas altas em alguns componentes, o índice geral ainda expressa contenção. A “perspectiva de consumo” teve leve alta de 0,4%, mas permanece abaixo da linha de satisfação, sinalizando prudência.

A inflação resistente, os juros elevados e o alto endividamento continuam sendo barreiras para a retomada plena do consumo. As famílias enfrentam um cenário que combina otimismo com o mercado de trabalho e insegurança com os gastos.

O recuo do ICF em maio sinaliza que a recuperação do consumo perdeu força. Ainda que haja melhora na percepção de renda e emprego, fatores estruturais limitam uma retomada mais vigorosa da demanda interna.

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