BRASÍLIA, 13 de março de 2023 – No desdobramento mais recente da saga pela sucessão do cargo de CEO na Vale, o conselheiro José Penido abandonou sua posição, criticando abertamente o processo de escolha do novo líder.
Embora a renúncia tenha sido anunciada na segunda (13), o conteúdo da carta direcionada ao presidente do Conselho de Administração, Daniel Stieler, veio à tona ontem.
Na carta, Penido demonstrou preocupação, afirmando que o processo de sucessão está sendo conduzido de maneira manipulada, não favorecendo os melhores interesses da empresa e sofrendo uma influência política clara e prejudicial.
Ele questiona a “honestidade de princípios” de acionistas importantes da companhia, duvidando da capacidade de elevar a governança da Vale ao patamar de uma corporação.
Também destacou a formação de uma maioria no Conselho, impulsionada por interesses específicos de alguns acionistas, agendas pessoais e evidentes conflitos de interesse.
“Apesar de respeitar as decisões colegiadas, a meu ver o atual processo de sucessão do CEO da Vale tem sido conduzido de forma manipulada, não atende aos melhores interesses da empresa e sofre evidente e nefasta influência política […] No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse. O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa, em claro descompromisso com a confidencialidade”, frisa Penido.”
Como uma medida intermediária diante do impasse sobre o novo líder da mineradora, o conselho de administração da Vale optou, na última sexta (8), por manter Eduardo Bartolomeo como CEO até dezembro deste ano.
A decisão teve 11 votos a favor e dois contra, com Penido e Paulo Hartung votando contra a solução proposta.
O conselho agora trabalha na elaboração de uma lista de sucessores.