
BRASÍLIA, 22 de maio de 2025 – O Congresso Nacional destinou R$ 36 milhões do orçamento público ao custeio de planos de saúde para parlamentares, ex-parlamentares e seus dependentes em 2024.
O levantamento, divulgado nesta quinta (22) pelo jornal O Estado de S. Paulo, é de autoria da ONG Ranking dos Políticos e tem como base dados da Lei de Acesso à Informação, Portal da Transparência e sites oficiais da Câmara e do Senado.
No Senado, a conta foi a mais expressiva. A Casa registrou reembolsos que somaram R$ 37,4 milhões, enquanto os senadores e seus dependentes contribuíram com apenas R$ 4,5 milhões.
A diferença resultou em um saldo negativo de R$ 32,9 milhões, evidenciando uma generosa política de restituição que contempla não apenas os atuais ocupantes do cargo, mas também suplentes e ex-parlamentares.
VALORES INVERTIDOS
O grupo beneficiado no Senado inclui 85 senadores em exercício ou suplentes, 192 ex-parlamentares e 361 dependentes.
O modelo de assistência também se estende à Câmara dos Deputados, onde os 421 parlamentares aderentes contribuíram com R$ 5,5 milhões em mensalidades e R$ 1,3 milhão em coparticipações. Ainda assim, o programa consumiu R$ 10,07 milhões, gerando um déficit adicional de R$ 3,2 milhões.
A cobertura oferecida pela Câmara contempla consultas médicas, tratamentos odontológicos, atendimentos psiquiátricos, fisioterapia e psicoterapia. Esses benefícios chegam a 832 dependentes, compondo um sistema de acesso ampliado à saúde, difícil de ser reproduzido no setor público comum.
CONTRIBUIÇÕES MENORES, BENEFÍCIOS MAIORES
Além dos reembolsos generosos, o Senado mantém o Sistema Integrado de Saúde, que cobre desde atendimentos emergenciais até tratamentos prolongados.
Embora a Casa declare custear parte das despesas, o valor real dos serviços, conforme observou o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, “seria significativamente mais alto no mercado privado”, sobretudo para faixas etárias mais elevadas.
Sperandio também destacou o abismo entre o custo assumido pelo contribuinte e o valor aportado pelos parlamentares. “Ao não corrigir essa distorção, o Estado perpetua mais um privilégio que escancara o abismo entre representantes e representados”, afirmou.
Mesmo previsto no regimento interno do Congresso, o modelo de assistência enfrenta críticas por sua ampla discrepância em relação ao que é oferecido ao cidadão comum pelo SUS.