
A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros não aconteceu no vácuo. É o desdobramento direto de três anos de uma política externa orientada por ideologia, e não por estratégia.
O governo Lula optou por confrontar nossos maiores parceiros comerciais, como os EUA, em nome de um alinhamento político com regimes autoritários e fracassados. Agora, a conta chegou.
Estamos assistindo ao Brasil seguir, passo a passo, o mesmo roteiro que levou Argentina e Venezuela ao colapso. Primeiro, o isolamento diplomático. Depois, a fuga de investimentos, o desmonte do setor produtivo e, por fim, a explosão da inflação e do desemprego.
A tarifa anunciada por Donald Trump não é apenas uma medida protecionista. É uma resposta dura, sim, mas previsível, a um governo que escolheu a retórica do embate ideológico em vez do pragmatismo econômico.
Em vez de fortalecer relações com mercados estratégicos, o Brasil preferiu se alinhar a regimes como Irã, Cuba e Nicarágua. O resultado? Perda de credibilidade, instabilidade e incerteza para quem produz, investe e trabalha no país.
Os efeitos já estão sendo sentidos. O agronegócio, responsável por quase metade das exportações brasileiras para os EUA, projeta uma perda de mais de 6 bilhões de dólares em 2025. Produtos como carne bovina, frango, soja e suco de laranja perderam competitividade da noite para o dia.
A indústria também será afetada, gigantes como Vale e Gerdau já estimam prejuízos com o custo adicional de exportação. E quando grandes empresas perdem margem, o reflexo é imediato: cortes de investimento, fechamento de plantas, demissões em massa.
O que se desenha é um efeito dominó sobre o mercado de trabalho. Do agronegócio à indústria, passando por transportadoras, fornecedores e comércio local, milhares de postos de trabalho estão ameaçados. O desemprego, que já preocupa, tende a crescer. E não apenas nas regiões produtoras, mas em todo o país.
Esse impacto se soma a outro problema crônico: a escalada da inflação. Com menos dólares entrando, o real se desvaloriza. Isso encarece insumos, combustíveis, tecnologia e tudo o que o Brasil precisa importar para manter sua economia funcionando.
O Banco Central, pressionado, não tem alternativa senão manter juros elevados ou até aumentá-los, o que torna o crédito mais caro, mais escasso e mais seletivo.
E quando o crédito seca, o consumo desaparece. Empresários adiam investimentos, cortam custos e reduzem quadro de funcionários. Famílias freiam gastos. O ciclo se retroalimenta, e a economia desacelera, como já indicam consultorias como MB Associados e XP, que falam em perda de até 0,5 ponto no PIB no próximo trimestre.
A verdade é que o Brasil está sendo conduzido a um estado de paralisia econômica. E não por falta de capacidade, mas por decisões políticas mal orientadas.
A história já mostrou na Venezuela, na Argentina e no Irã que regimes que escolhem ideologia em detrimento de resultados conduzem seus países ao colapso. Estamos vendo sinais claros disso aqui: queda na competitividade, desindustrialização, fuga de capitais e uma classe média cada vez mais sufocada.
A obsessão do atual governo em reviver alianças ideológicas do século passado está custando caro para quem gera emprego e renda hoje
Não se trata de esquerda ou direita. Trata-se de responsabilidade. De entender que empresas precisam de previsibilidade. Que mercados exigem confiança. Que empregos dependem de estabilidade. E que o mundo não vai esperar o Brasil acertar o passo enquanto insiste em repetir erros já cometidos e pagos, com juros altos e inflação, pela população.
O que está em jogo não é apenas a política externa. É o futuro do crédito, das empresas e do mercado de trabalho. E o preço dessa guerra tarifária, como sempre, será pago pelo trabalhador brasileiro.
Thiago Eik é CEO da fintech Bankme.







