Após quatro anos de barbeiragens políticas que culminaram com a escolha de um candidato a vice-presidente completamente inútil e um protesto que jogou a inabalável credibilidade de sua militância no lixo, a direita dá sinais de ter aprendido a lição. E esses sinais começam pela construção de uma candidatura competitiva à presidência do Senado, passam pela tomada de consciência de Sérgio Moro e por um pequeno gesto do presidente Jair Bolsonaro.
GUERRA AO TERROR – O senador eleito Rogério Marinho (PL), um dos mais fiéis quadros do governo de Jair Bolsonaro, conseguiu articular um bloco que junta o próprio PL ao PP e Republicanos. Juntas, as siglas devem ter cerca de 25 votos. Com o embarque do PT na candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD), outros partidos de orientação ideológica antagônica aos petistas devem somar mais 10 votos. Neste cenário, menos de 10 votos estariam separando Marinho da presidência da casa.
Enquanto as articulações seguem firmes em Brasília, a militância faz um trabalho de convencimento nas redes sociais que já incomoda Rodrigo Pacheco. A possibilidade de derrota é razoável e a certeza de que Lula não deve ter um Senado submisso é real.
A TEORIA DE TUDO – As guerras internas motivadas por egos inflados desgastaram muito a direita. Além disso, a clausura da vaidade inócua impediu que pontes fossem levantadas. Segundo o colunista Lauro Jardim, Jair Bolsonaro entrou em contato com Michel Temer após ele ser chamado de golpista por Lula. Se tivesse seguido por esse caminho quando presidente, talvez tivesse tido mais aliados e menos adversários nas eleições.
Já Sérgio Moro sinalizou a aliados e empresários que deve abandonar a arrogância que quase lhe causaram a ruína e respeitar as filas que a realidade impõe. Moro pretende erguer uma frente ampla na sucessão do governador Ratinho Júnior (PSD), que não pode voltar a concorrer à reeleição. Desde quando aceitou o cargo de ministro, Moro deveria ter percebido que em política há fila. Poderia ocupar o mesmo lugar que ocupa hoje, só que sem a chaga de ser um traidor que tentou derrubar o governo do qual fez parte.