CEMITÉRIOS DE ESTÁDIOS

Cidades abandonam estádios e acumulam prejuízo milionário

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Cemitério estádio
Governo federal repassa verbas para cidades construírem os campos, mas em pelo menos 203 delas há o descaso por parte das prefeituras.

BRASIL, 10 de setembro de 2023 – Quando o Boa Esporte fez as malas e se fixou em Varginha (MG) para disputar a Série B em 2011, a prefeitura de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, reagiu com um plano audacioso: erguer em dois anos um estádio para 18 mil torcedores, o equivalente a um quinto da população local, e trazer o clube de volta.

Doze anos depois, o time não voltou, e a obra, que consumiu R$ 8,5 milhões do governo federal, está em ruínas e longe do fim. Não é um caso isolado. Levantamento do GLOBO identificou que, das 629 cidades que firmaram convênios com o Ministério do Esporte para construção de arenas ou campos de futebol desde 1995, ano de criação da pasta, há indicativos de atraso ou simplesmente abandono das obras em 203 deles — quase um terço.

Os contratos com problemas totalizam, até aqui, R$ 112 milhões. Agora sob a gestão do ministro André Fufuca (PP), empossado em setembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acomodar o Centrão no governo, o Esporte segue com planos de despejar recursos na construção de estádios. Como revelou O GLOBO há um mês, a pasta reservou R$ 10 milhões para erguer arenas no Maranhão, reduto de Fufuca.

O ápice de contratos firmados para esse fim ocorreu no segundo mandato de Lula e no primeiro de Dilma Rousseff, entre 2007 e 2014, período em que o país se preparava para a Copa do Mundo. Titular da pasta de 2006 a 2011, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) justificou os recursos pela necessidade de adequar a infraestrutura esportiva no Brasil, inclusive com fins educacionais.

— Toda obra abandonada gera desperdício de dinheiro, mas os órgãos de controle responsabilizam quem dá o prejuízo — diz Silva.

No caso de Ituiutaba, um relatório da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), apresentado em plenário pelo ministro-relator, Vital do Rêgo, em setembro, apontou falhas na transparência da prefeitura sobre duração e valor exigido para conclusão da obra. Citando o valor total do contrato, de R$ 11,2 milhões, dos quais R$ 9,7 milhões cabem ao Esporte, o relatório afirmou que “estarrece imaginar que transferências de valores elevados para objetos de tamanho impacto social local tenham essa abordagem descompromissada em termos de transparência”.

Procurada, a prefeitura informou que fará uma nova licitação, prevista para o fim de outubro, e que por isso não devolveu a verba ao Ministério do Esporte, “considerando que a obra vai ser retomada”. O município não deu prazo para a conclusão do trabalho, que atravessou a gestão de três prefeitos com jogo de empurra de responsabilidades.

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